sábado, 16 de fevereiro de 2013

Apontamentos de leitura


Ficou-me na retina...

"Eu, rodeado de silêncio, disse-lhe que não havia palavras que me pertencessem. Perguntou-me o que é que eu escrevia. Respondi-lhe que me escrevia a mim. Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridículas: amor, esperança, estrelas, e nas palavras mais belas: claridade, pureza, céu. Transformo-me todo em palavras. Ele olhou-me, e tudo isto ele sabia antes de me ter perguntado."

- José Luís Peixoto, "Uma casa na escuridão"

8 comentários:

  1. Antes de tudo, parabéns pela escolha do autor.

    Quem escreve e dá a conhecer, perde a posse do que escreve para quem o lê. É assim com as palavras... E nós? Depois de ver a luz do dia, a quem pertencemos? Como somos? Como nos escrevemos ou como nos lêem?

    Com um ramo de :-)

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  2. Agora compreendo porque certas revistas vendem (assustadoramente muito) mais que muitos livros. Eu mesmo também gosto de ler certas fofocas e certos temas (às vezes, até ditos de "tabus").

    A tua oferta de temas/assuntos é riquissíma.

    Lamento a falta de comentários num post onde colocas um dos mais belos textos que já li (cada um com o seu estilo mas J. L. Peixoto começa a aproximar-se do ALA).

    "...rodeado de silêncio... Escrevo-me". E na escuridão do silêncio ficou porque ninguém o leu.

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"Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo".♥ - Fernando Pessoa

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