As malditas ESCARAS!

Ontem senti que algo estava errado com a minha avó e telefonei por instinto para saber dela. Tinha razão! Quando falei com a minha tia, percebi logo na sua voz desmotivada e cansada que as coisas não estavam bem... (a minha tia já tem 73 anos).

Além da agitação dela habitual, por regra não reconhece ninguém salvo raras excepções, agora apareceu o "amigo" das pessoas acamadas: ESCARAS!

O mais surreal desta situação é que o médico não quer tratar a minha avó no hospital. Segundo o próprio médico, como a minha avó não tem febre e as dores estão a ser controladas com a medicação, não acha que seja necessário estar a ocupar uma cama, se ela pode ser tratada em casa. Ao ouvir isto fiquei com o estômago embrulhado. Tratam as pessoas como se fossem "coisas"! É por este tipo de atitudes que os nossos velhinhos se sentem excluídos, abandonados e mal tratados. O respeito pelo ser humano onde fica?Estou cansada de reclamar! O que me deixa mais assustada, é que o tratamento que a enfermeira está a fazer não está a surtir efeito, muito pelo contrário, estão cada vez a aparecer mais feridas pelo corpo. Por mais cuidado que se tenha em virar a minha avó, em pô-la sentada, não chega, pelos vistos (a enfermeira vai de dois em dois dias a casa da minha avó). Sinto tanto por ela. Olho para trás e lembro-me da minha avó, lúcida, altiva, senhora do seu nariz. Agora, está dependente de terceiros, uma bebé autêntica. Recordações boas e nostálgicas que tenho. O meu desejo neste momento é que a minha avó recupere e que viva o resto da velhice em paz e tranquilidade.