quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Minimalista


Dei por mim a notar que não sou nada minimalista. Aliás, muito pelo contrário. Gosto de guardar tudo que me diga algo. Nomeadamente, roupas. Aquelas, mesmo que não use na estação actual, ou a seguinte e por aí adiante, guardo. Então, se for aquelas peças muito particulares, não consigo dar. Muito menos deitar fora só porque sim. Confesso, tenho um roupeiro grande só para as minhas roupas e acessórios. Tenho um bengaleiro onde está literalmente cheio com chapéus, malas e cachecóis. Posso não usar mas, lá estão. Porque os comprei, outros me foram oferecidos e outros tantos, porque simplesmente não me consigo desfazer deles. E lá permanecem...
O mesmo se passa com os sapatos. Tenho pares de há anos. Vá, também sou muito cuidada com o que é meu. Estimo tudo o que tenho. Tenho peças desde a adolescência. No entanto, para mim, não se perdem no tempo, muito pelo contrário. Consigo perfeitamente usar um vestido que comprei há 5 anos a trás, por exemplo. Desde que me sinta bem com ele e que, principalmente naquele dia, esteja com espírito para o envergar, excelente! É o que basta. Pois demore o tempo que demorar, mediante a vontade, dou uso a tudo, mas a tudo o que tenho.
Mudando de secção. No outro dia, estive a arrumar gavetas. E, eis que encontro numa das gavetas, postais, fotos perdidas, cartas de outrora... não me desfiz, nem me desfaço do que quer que seja, pois fazem parte da minha história de vida. Porque, em cada postal, fotografia, carta está um momento, uma pessoa, um cheiro, um sentimento espelhado no objecto, e isso para mim diz muito. Acima de gostar, quiçá querer guardar o que quer que seja, este acto, reflecte o respeito do que passou. Pois independentemente do começo-meio e fim, o respeito prevalece, sempre! (Ou deveria)
Há tempos, caiu-me de uma das portas do roupeiro, uma almofada daquelas, do tempo de namoro e, com aquela peça, pude constatar isso mesmo. Assim como as bonecas de pano que me foram oferecidas no contexto certo. Mesmo que agora, esse contexto, já não faça sentido no actual, ali estão marcados os momentos do dia que vieram parar às minhas mãos... até hoje.
Em suma, a constatação é gritante de que sou tudo menos minimalista. Oh, oh! A prova consiste nas gavetas cheias de "tralha". O roupeiro, idem-idem-aspas-aspas. A arrecadação, ui, nem se fala. E isto tudo porquê? Porque para mim o que basta, é ter espaço para guardar tudo o que me é importante, mesmo que os tais objectos não façam sentido no presente, o que sei, é que já fizeram no passado. No futuro, apesar de ter as lembranças na memória, o real, o concreto, também têm o seu espaço. Em mim, pelo menos.

21 comentários:

  1. Pois. Eu já tive um pouso esse defeito, guardar que depois uso.
    Mas quando sei que já não uso, dou. Não deito fora, a não ser que esteja muito estragadas. Roupa, calçado, carteiras.
    E já fui bem mais sentimentalista do que sou agora, que guardava cartas etc. Tenho é tudo grava na memória e daí não saem :)

    ResponderEliminar
  2. Em termos de roupa serei, porventura, minimalista.

    Mas o meu "minimalismo" termina aí. Tenho caixas e caixinhas com postais, fotos, etc. Recordações do meu passado que fizeram de mim o que sou hoje. Fazem parte do meu crescimento enquanto ser humano. Por isso mesmo "acompanham-me" nesta "caminhada".

    Beijo

    ResponderEliminar
  3. Eu já fui de guardar tudo e mais alguma coisa, mas depois de ter ido para a minha casa há 10 anos atrás, acabei por começar a seleccionar muito bem o que vale a pena guardar.
    Todos os meses arranjo um dia para deitar fora papelada e coisas que já não me vão interessar. Tenho a panca de gostar de ver as gavetas com pouca coisa, com muito espaço livre. Dá muito menos trabalho a arrumar, limpar e a manter tudo organizado.

    ResponderEliminar
  4. Já fui mais assim, agora sou mais flexivel, mas ainda não muito.

    ResponderEliminar
  5. roupa não guardo, mas bilhetes de concerto, cinema, exposições, de viagens, postais e afins guardo tudo .)

    ResponderEliminar
  6. O melhor baú de recordações... somos nós! :)

    beijo
    Sutra

    ResponderEliminar
  7. Em relação à roupa sou desprendida. Se já não visto, costumo dar a quem vista.
    Mas só para a roupa.
    Em tudo o resto, guardo até as coisas mais insignificantes. Por exemplo: há uns tempos encontrei uma rosa (seca) que alguém muito especial me deu um dia e que eu, claro, guardei. Ao ver a rosa, lembrei-me da pessoa e tudo o que de bom ela trouxe à minha vida.
    Cada objecto acaba por ter a sua própria história e é bom recordar histórias :))

    ResponderEliminar
  8. Eu sou como tu, gosto de guardar tudo o que me diz alguma coisa. Mas às vezes passa-me assim qualquer coisinha pela cabeça e mando imensas coisas fora, ou dou, e depois? arrependo-me e não há volta a dar. Mas assim fico com mais espaço para guardar ainda mais coisas :)
    Bj**

    ResponderEliminar
  9. A expressão para isso em certa latitudes é "sucateira"!

    ResponderEliminar
  10. Importante é não esquecer que o "futuro fará parte do nosso passado"! :p

    ResponderEliminar
  11. Identifiquei-me logo com estas tuas palavras! Guardo tudo o que num momento ou outro, me fez sentido. E ficará para sempre na minha "tralha".
    Adorei a tua última frase do post, profunda e bonita :)

    Beijinho

    ResponderEliminar
  12. Guardo algumas peças, guardo fotos, guardo o que sinto que ainda me vai dar jeito, mas evito tralha... e ainda tenho alguma.


    :)

    ResponderEliminar
  13. Já tive esse lado mais marcado.
    Mas ainda guardo sapatos e roupas que gosto, até porque os posso usar volta e meia, mesmo "fora de moda" (moda dos outros, diga-se).

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  14. Eu tenho a mania de guardar tudo...até ao dia em que me canso e deito tudo fora!!

    ResponderEliminar
  15. "No futuro, apesar de ter as lembranças na memória, o real, o concreto, também têm o seu espaço". E isso faz-nos aproximar dessa memória, sem dúvida. E é tão bom.

    ResponderEliminar
  16. Defeito, mania, gosto, querer, o que seja que vos impulsione para esse acto, o importante é o que vocês efectivamente sentem e querem!

    Kiss


    maris,

    Sê bem-vinda! :)

    ResponderEliminar
  17. Tenho imensa coisa guardada...mas tambem ja "perdi" muita coisa. No entanto percebi, que cada pedacinho perdido esta algures guardado ca dentro ;)

    ResponderEliminar
  18. Eu também guardo tudo o que tem história e valor pessoal da minha vida, é lindo recordar esses tempos,um exemplo são um monte de cartas do meu marido que ele me escrevia quando namoravamos.E já nem falo na roupa, tenho roupa de há séculos guardada, lol!!
    Beijos e bom fim de semana:)

    ResponderEliminar

"Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo".♥ - Fernando Pessoa

A essência que queres partilhar comigo é?...