segunda-feira, 3 de maio de 2010

Em briga de marido e mulher, eu não meto a colher!!

Estava um dia radiante de sol, muito calor. Ida ao shopping, super normal! Compras feitas, corda aos sapatos para nos pormos a andar dali e aproveitar o excelente dia! Quando nos dirigíamos para o carro, eu e o amigo que estava comigo, começamos a ouvir umas vozes a modos que exaltadas, mas não ligámos e continuámos o nosso percurso.
Assim que íamos a entrar para o carro começámos a ouvir as mesmas vozes a elevarem mais o tom e a voz feminina a gritar (aliás ambos gritavam) e o senhor a agarrá-la puxá-la pelo braço tentando retirar-lhe alguma coisa da mão.
Fomos logo ter com o casal, porque para além daquele cenário pavoroso ali no meio do estacionamento de um shopping havia uma criança no meio deles (literalmente!).
Dirigi-me logo à senhora e à criança a perguntar se estavam bem, se precisavam de alguma coisa. O meu amigo, identificou-se logo, pois é agente da autoridade! O homem assim que viu o crachá, os olhos dele esbugalharam-se! Eram italianos, mas falavam e percebiam muito bem português.
Ambos estavam nervosos, os ânimos estavam bastante elevados.
O senhor agente, para além de terminar a discussão, colocou os dois a par dos direitos e deveres de cada um.
Segundo deu para perceber, aquela algazarra foi por um molho de chaves de um armazém que ela tinha no carro e que ele queria a todo o custo, vá-se lá saber porquê!!
No meio disto tudo a minha preocupação era aquela criança que estava ali no meio daquelas agressões verbais e físicas. Se na rua é assim, nem quero imaginar dentro de casa... E aquela criança tinha o olhar tão triste... cortou-me o coração de ver aquele olhar vazio, assustado, impotente no meio dos pais que em tempo algum pensaram no filho.
Como também fiquei escandalizada porque no meio das dúzias de pessoas que passaram ali ao pé de nós e as que estavam sentadas a fumar, ninguém se mexeu para acudir aquela criança e a mãe! Incrível!! Passavam, olhavam, cochichavam entre elas quando vinham aos pares, mas parar e perguntar: Precisam de ajuda? Estão bem? Nada! Para quê!! É tão mais fácil pôr a cabeça na areia...

Irrita-me o facto das pessoas nunca ou quase nunca intervirem quando vêem alguém em apuros! O que era o caso! Ele até podia ter toda a razão do mundo mas usar a força mesmo em frente à criança que a mãe tentava segurar foi demais!! O miúdo parecia um boneco de trapos no meio daquilo! E ninguém, à excepção de nós, quis ajudar!! "Não é nada comigo, não me meto!" Há tanta solidariedade em acções humanitárias, damos dinheiro para tanta coisa porque achamos que é certo mesmo estando tudo em crise, e a mais básica das ajudas, a mais próxima, a de apenas perguntar se precisa de ajuda, não a damos??!! Eu bem tento entender mas não consigo...

9 comentários:

  1. Eu já acho mal os que assistem não intervirem, mas acho ainda pior, as pessoas insistirem em relações que se vê a léguas que não há nada a fazer, e ainda justificarem que é para bem das crianças. Qual a criança que pode ser feliz, quando os pais passam a vida a discutir, ou então nem se falam?
    Aliás, chegam a adultos a pensar que as relações normais são assim...
    E talvez até sejam, com a quantidade que há para aí :S

    (desculpa o desabafo, e longo :P )

    Beijo*

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  2. Sem dúvida! Mas o que me deixou mais a pensar no meio daqueles acontecimentos todos é que se na rua é assim, como será em casa, entre quatro paredes?! Assustador!
    Acredita que no meio daquele aparato todo, o que me deixou de rastos foi o olhar daquele menino... vazio, sem vida alguma.
    É triste ver que os erros dos pais, dos adultos em geral a factura final quem paga sempre são as crianças!!

    Beijos

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  3. O egoísmo de alguns pais é assustador, perdidos no meio das suas próprias guerrinhas, e esquecendo-se das crianças que ficam no meio de tudo aquilo sem saberem o que fazer.



    Bjo

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  4. Poça, que cena!
    É verdade que ajudamos com coisas materiais e mais longe do nosso alcance e com um gesto que é tão mais simples e que se torna mais imediato, nada se faz! Não dá mesmo para compreender as pessoas que vêem estás cenas e conseguem fechar os olhos e ir no seu caminho como se nada fosse.
    Mais uma para se pensar.

    Beijos

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  5. Eu sou dos poucos que já me ofereci como testemunha numa cena de violência... não só fui eu que acabei com a confusão... como pedi para chamarem os seguranças (neste caso foi mesmo dentro do centro comercial) como forneci de imediato os meus dados!! Não passou da fase de inquérito,devem ter chegado a qualquer tipo de acordo/indemnização, mas o certo, é que lá tive que meter umas horas para ir depor à GNR... e consciente que poderia ter que ir a tribunal e ter que faltar mais umas horas!!!
    Penso que esse é um dos problemas pelo qual também ninguém faz alguma coisa... sabem que depois "vão ser maçados" e até "prejudicados" e não querem dispor do seu tempo a favor de estranhos!!!
    Acho que a nossa sociedade está cada vez mais egoísta... Aposto que todos os que viram a cena... pensaram: Espero que se algum dia tiver um azar destes... apareçam estes dois outra vez!!!

    Ass. NGS

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  6. Anónimo (NGS),

    Acredita que na altura nem se pensa nessas "chatices". Porque é tudo tão imediato é instintivo diria. (Falo por mim)
    Obviamente que quanto menos trabalho e chatices tivermos, principalmente por causa de terceiros, melhor! (É o pensamento) Mas ai entra a velha máxima! Não podes com eles, junta-te a eles! Neste caso falo no sentido, dos que não se querem maçar. E ai, se torna um ciclo vicioso e de puro egoismo e de uma extrema passividade perante as situações mais incrédulas que nos aparecem à frente. Não pode ser!
    Na sociedade não precisamos só de dois. Neste caso de três! Mas sim de muitas centenas que se movam perante tais situações que muitas vezes nos aparecem à nossa frente e o grito inconsciente da nossa mente tem que ser: AGE!

    :D

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  7. Chiça!! Mas que mundo é que vivemos!
    Claro, nem há o que pensar, em assistir uma situação dessas, é intervir logo! Eu o faço! Sempre fiz e não vou deixar de o fazer só porque ache que amanhã não me irão fazer. Cada um fala e age por si!
    Dá raiva só de pensar que existem pessoas tão...
    Não me alongo mais porque até estou a ficar com horticária. Hehe

    crBeijos e abraços

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  8. Cenas assim multiplicam-se por todo o país/mundo... Infelizmente há por aí muitas pessoas que deviam ser proibídas de ter filhos. Depois dão esses exemplos e lançam para o mundo crianças (futuros adultos) tristes e frustrados como eles que, muitas das vezes, são brutos como os pais porque nunca tiveram outro exemplo. Depois temos um círculo vicioso que muito dificilmente cessará. :(


    beijinhos***

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  9. Esse é o maior problema de uma briga entre o casal: ninguém pensa na criança.

    Acho que tanto o homem quanto a mulher, quando há filhos, deveriam pensar bem e avaliar a situção para resolver o problema da melhor forma possível.

    Infelizmente, não é o que acontece.

    Beijo!

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