domingo, 4 de abril de 2010

Vontades e manias...

Vi uma bebé de poucos meses com as orelhas furadas e logo pairaram na minha mente vários pontos de interrogação...

Porque raio um bebé tão pequeno já está com as orelhas furadas!? Porventura já tem autonomia suficiente para pedir aos papás para ter as orelhas furadas?! Pois, parece-me que não! Se a criança, no futuro, não gostar de se ver com as orelhas furadas, já não há volta a dar! Vai ter que viver com isso!
Essas pessoas nem devem parar para pensar se, quando a criança crescer, irá querer/gostar/aceitar aquilo que eles, numa determinada altura, acharam que era "giro"! O que interessa é que os pais gostam de ver! É que de facto,estes actos, fazem-me muita confusão, por mais pequenos e insignificantes que sejam. Bolas, estamos a falar de bebés que vão crescer e ter vontade própria! E se formos a ver, é algo que é nosso, com o nosso corpo! Somos nós, individualmente, que temos que decidir o que fazer!
O nosso nome já vem imposto, porque obviamente não poderíamos ser chamados de bebés até a fase adulta, por isso não temos hipótese! Temos que o gramar para o resto das nossas vidas (apesar de já se poder alterar o nome) agora, quanto ao resto, quer dizer...
Obviamente que vai da sensibilidade dos pais, como também das recalcações de cada um. Com isto quero dizer que muitos pais, infelizmente, querem projectar nos filhos tudo o que não tiveram oportunidade de fazer e ser. Nomeio até alguns casos vistos: pais que não tiveram oportunidade de exercer determinada profissão. Projectam esse sonho e acalentam para o filho! A maneira de vestir, pentear o filho, é o espelho dos pais! É como iniciarem o filho em alguma religião ainda pequeno. Será que quando essa criança crescer irá querer seguir a religião que os pais incutiram? Sempre pode mudar, é um facto, mas o acto em si já foi decretado (esta  frase vai um pouco ao encontro deste post).
Com isto, não quero dizer que não podemos/devemos orientar as nossas crianças, não. Claro que sim!! É o nosso dever como pais! Educar sim! Impor as suas frustrações, não!
Como não o fizeram comigo, se calhar por isso faz-me tanta espécie, e logo, não irei fazer à minha filha. Ela a seu tempo irá tomar essas decisões.
Tento sempre ter em mente ao longo do meu percurso esta frase: "não faças aos outros aquilo que não queiras que te façam a ti."
Acho injusto darmos o fardo aos nossos filhos de eles serem aquilo que nós um dia sonhámos ser, e que pelas vicissitudes da vida, não nos foi possível. Eles apesar de serem nossos filhos, são pessoas singulares e logo ai terão os seus sonhos e projectos de vida! O nosso papel como pais, é encaminhá-los para a vida, não querer fazer um clone de nós mesmos! Ou melhor: um clone das frustrações adormecidas.

4 comentários:

  1. Eu furei as orelhas à Érika como tu sabes na altura nem pensei nisto tudo que escreveste.
    Eu queria lhe furar o pai também e assim foi. O que pensei na altura foi que se fura-se ela não sentiria tanta dor e já ficava com as orelhas furadas. Nada mais.
    Isso da religião também concordo contigo e um dia se ela quiser seguir alguma é com ela.
    O que fiz não foi por mal nem para a prejudicar. Foi o que na altura achei que seria melhor.

    Beijos

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  2. Kika!

    Vês, foste ao cerne da questão do post!

    Fizeste o que achaste que era melhor para ela e por aí não vejo nada de mal. És mãe dela tens que querer o melhor para ela. Provavelmente ela nunca vai estranhar por ter as orelhas furadas e acabará por gostar.
    Agora imagina se um dia ela te perguntasse o porquê de ter as orelhas furadas. Te perguntasse o porquê de ter que usar brincos. Imagina que te dizia que detestava usar brincos e de ter as orelhas furadas. Imagina que ficava triste por terem tomado essa decisão por ela. Como é que tu ias reagir? E se mesmo depois da explicação ela não aceitasse isso?...

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  3. Bem, eu tenho um exemplo oposto. Os meus pais não me furaram as orelhas e por essa razão que tu defendes, mais tarde se quisesse eu acabava por furar.

    Recordo-me de ser menina e as minhas amigas usarem brincos lindos e eu não, eu cá andava de orelhas nuas... como ainda não tinha idade para escolher nada assim continuei.

    Entretanto aos quinze furei. Mas entretanto já eu era alérgica a este mundo e ao outro e passei as passas do Algarve. Um dia, no meio das dores e da febre que os furos me causaram perguntei a chorar aos meus pais porque não me furaram as orelhas em bebé como todas as meninas que eu conhecia? Agora não estava a sofrer.

    1 ano e meio depois e já sofrendo o impacto de 6 furos consegui manter os buraquinhos nas orelhas.

    Hoje por opção e contra a vontade dos meus pais tenho um piercing no nariz (também só consegui à 2ª) e uma tatuagem nas costas.

    De resto, concordo contigo que existem muitos recalcamentos sim. Mas se dermos sempre a hipótese de escolha a uma criança ela irá compreender que a poderá fazer sempre. E isto irá aplicar-se também à religião.

    Para mim será impossível não transmitir o que acredito, porque seria falso, mas darei a possibilidade ao meus filhos de escolherem o seu caminho.

    Mais uma vez... bom tem :)

    Beijocas e bom domingo de Páscoa

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  4. Essaagora!

    Existe sempre o reverso da medalha mas contudo tiveste a tua opção!

    Boa Páscoa!

    :D

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