quarta-feira, 10 de junho de 2009

Que susto, avó!!!

Depois da tempestade vem a bonança. Agora que o susto já passou e já está tudo encaminhado já posso e consigo falar do assunto.

Há uma semana atrás, a minha avó deu uma queda em casa e partiu o fémur. Resultado  foi parar ao hospital e teve que ser operada. A sequela é que não vai poder andar mais, pois, apesar da operação ter corrido bem, o facto é que ela já tem uma idade bastante avançada (93 anos) e por isso está dependente (ainda mais) e terá que estar numa cama e cadeira de rodas. Tudo isto deixa-me de rastos. Quem a viu e quem a vê... não dá para acreditar.
Só amanhã é que a vou visitar. Estou ansiosa, porque segundo a minha tia, ela só chama por mim. No meio de tantos netos e bisnetos, fui a única que lhe fiquei na retina. É bom saber que a minha bebé grande não esqueceu a sua neta diabrete. A neta que lhe fazia frente, que andava às turras com ela, mas no fundo, não passávamos uma sem a outra. Enquanto morei com ela ( 3 anos), foi muito gratificante para mim, por tudo. Aprendi muitas coisas boas. Chocávamos muito, porque temos feitios parecidos, mas tenho boas recordações daquele tempo. Muitas histórias, peripécias, enfim... recordar é viver, e estas recordações vão sempre estar comigo. Aconchega-me o coração saber que vivi coisas boas com a minha avó. Eu e os meus irmãos só conhecemos a minha avó paterna. Por isso sei a falta que faz. É importante. É uma referência muito grande e gratificante podermos privar com os nossos avós. Pelas vivências, os carinhos que nos transmitem, por tudo de bom que eles são. Quem os tem a todos que os estimem!
Agora, há coisa de 15 dias, 3 semanas, ficou surda, ou ouve muito, mas muito pouco, para ajudar ao quadro. Para completar, tem alzheimer embora a doença ainda não esteja muito acentuada. Tem fases, mas já só vive mais o passado que o presente. Fala sempre no passado. Fala muito do meu avó, do meu pai em novo, em mim, quando tinha 9 anos e morava com ela. Põe-se na janela a chamar o meu nome, como fazia antigamente. No entanto, é tão bom quando ela lá tem uns momentos de lucidez e fala connosco normalmente, embora isso só aconteça por breves instantes. Apesar de tudo, não perde aquele sorriso lindo, o jeitinho que só ela sabe fazer. Olho para ela e vejo-a tão frágil, mas quando consigo penetrar no seu olhar consigo ver todas as vivências, tão sábias, tão vividas. As suas lindas histórias que contava de Angola. A sua luta de criar 3 filhos sozinha. Quando ficou viúva tão cedo. Marcas que lhe fizeram ser a mulher de fibra que era. E agora, é apenas aquele ser tão frágil, desprotegido e tão sensível, que só dá vontade de carregar ao colo, de tão meiga que é. O meu bebé grande, como lhe chamo.

Só peço a Deus que a ajude e que a deixe viver mais uns aninhos e com qualidade de vida, que é o mais importante. Sei e sinto que ela é e irá continuar a ser forte o suficiente para ultrapassar tudo isto.

A ti minha avó um bem haja! Vamos continuar a estar contigo sempre. Estás sempre no meu coração e pensamento. Amo-te muito. (aqui)

Sempre que faço pudim Boca Doce, lembro-me de ti, minha avó. Aos domingos era o dia de comer doce.

3 comentários:

  1. É maravilhoso ver o carinho que tens pela D. Alda, como eu carinhosamente lhe chamo. Consegues surpreender-me sempre c
    pela maneira como falas de quem gostas. As tuas palavras têm o dom de captar a atenção de quem as lê, pela sinceridade, pela compaixão, pelo carinho. Esta é mais uma das mil e uma razões que faz com que te ame tanto...

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  2. São os teus olhos de marido...lol
    Sabes que fico sem jeito, com esses elogios...
    Amo-te

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  3. Boas recordações... È bom ficarmos com elas vivas na nossa memória.

    De alguém que te observa sempre!

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