quinta-feira, 2 de abril de 2009

Aventura nos correios

Contando ninguém acredita, se não fosse na primeira pessoa, claro!
Uma amiga que está a morar nos Açores, não veio aos anos da minha Zunfinha. Assim sendo, ligou a pedir a morada para enviar o presente por correio. Por graça disse-lhe para enviar no nome dela (filha), longe de pensar no stress que vinha aí...
Falei com ela num dia, dois dias depois já tinha o postal com o aviso de recepção para ir levantar a encomenda.
No dia seguinte lá vou eu, levantar a dita encomenda aos correios.

Chegada a minha vez, entrego o postal ao senhor. Ele olha para o postal e pergunta se sou a Zunfinha. Digo-lhe que não, mas sim a mãe! Ele responde que tem que ser a própria a vir levantar. Mais!  "Ou é a própria a assinar ou quem vier levantar, tem que ter consigo o BI e o aviso assinado pela própria."
Respondo que é impossível porque se trata de uma criança que nem 3 anos tem!
Pergunta-me se a pessoa que enviou não sabia de que se tratava de uma criança, segundo a minha informação?
Respondo que sim, mas nunca se pensou que daria tanta dor de cabeça levantar uma simples encomenda.
Responde que estamos habituados a ter tudo facilitado. (Já estava a deixar de ver o homem com tanto reme-reme).
Respondi que não tinha o dia todo e queria levantar a encomenda que foi para isso que tinha lá ido!
Disse-lhe que podia ir buscar a cédula, uma vez que ainda não tem BI, e que tinha o meu que comprovava que era a minha filha e que obviamente assinaria por ela. Disse que não podia ser assim. A encomenda tinha que voltar para trás e que a minha amiga a teria que enviar novamente com o meu nome para eu poder assinar, tudo normalmente. Respondi que só podia estar a gozar com a minha cara. Era ridículo o que estava para ali a dizer. Se eu tinha a cédula, que faz a vez do BI, se tinha o meu BI e iria assinar pela minha filha (porque por mais precoce que a minha filha possa ser, ainda não sabe assinar o nome dela) não estava a ver qual era a complicação. A única explicação possível era a falta de compreensão da parte do senhor. Às tantas, no meio de tantas barbaridades diz: "Quem me diz que a criança não é filha de pais separados? E se assim for, de quem será a guarda?" Foi a gota de água.
Já estava bastante exaltada, admito. Também com tantas asneiras.
Disse que não o queria ouvir mais, nem sequer conversar. Queria falar com o responsável.
Responde que não estava.
Respondi que não fazia mal, já estava a prever que seria essa a resposta. Solicitei o livro de reclamações.
Incrível, mudou logo de tom, discurso, tudo. Parecia outra pessoa.
Levantou-se, foi buscar a encomenda, nem pediu o BI, entregou as encomendas e disse boa tarde e desculpe qualquer coisa.
Nem queria acreditar. Fiquei de boca aberta com a transformação. Tanto alarido que não podia isto, que não podia aquilo e, blá,blá, blá, e depois fica com o rabinho apertado, quando mencionei a porcaria do livro.
Agarrei nas coisas e fui deixar ao carro. A pensar no que iria fazer, porque de facto fiquei parva com a atitude do homem. Estava a gozar literalmente com a minha cara, só podia! Quando o fulano estava a pensar que já estava tudo arrumado, voltei, e disse-lhe que dali não saía enquanto não escrevesse no livro que por direito o teria, como cidadã que sou, que paga os seus impostos e que não levasse muito tempo, senão chamava a polícia para fazer valer os meus direitos. Agora mais do que nunca tinha todos os motivos. Se ele queria gozar com alguém, tinha escolhido mal a pessoa.
Começou por dizer, que eu tinha percebido mal, que não era necessário o livro, que ia estar a perder tempo à toa com um mal entendido.
Nem ouvi o resto das maluqueiras. Fui ter com outro colega e disse-lhe que ou me dava o livro naquele momento ou chamava a polícia. Claro que este não foi parvo nem nada. Foi buscar.
Escrevi o que tinha a escrever. No fundo, sei que não vai dar em nada, para variar, afinal, é o país que temos, infelizmente!
Mas era o mínimo que podia ter feito. A minha vontade era atirar qualquer coisa para a criatura, mas aí era eu que perderia a razão.


Moral da história: crianças com menos de 7 anos que não possam assinar, não podem receber encomendas no nome delas, senão é uma carrada de problemas. De uma situação tão simples de ser resolvida deu neste banzé todo. Haja paciência!

Nunca deixem de reclamar, de prevalecer os vossos direitos. Se todos fizermos um pouquinho aqui, outro ali, o atendimento, a postura das pessoas com certeza que muda!

5 comentários:

  1. Amiga, que stress! É o país que temos, existem determinadas regras e independentemente da situação as mesmas têm que ser cumpridas! Mas não desanimes, se uma casa tiver três reclamações no famoso livro (parece-me que são três)acaba por ter problemas!

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  2. Mas infelizmente amiga, há certos e determinados sitios, onde passam por cima dessas questões!...
    È o país que temos, não há nada a fazer!!!

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  3. Aquando da insatisfação e por razões plausíveis, não podemos deixar de recorrer ao dito cujo(livro de reclamações).
    O silêncio e a acomodação só abafam e fomentam os crescentes entraves ao bom funcionamento dos sistemas, já por si, repletos de infindáveis burocracias.
    Mas para a próxima envio a encomenda em teu nome...Beijinhos.

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  4. Miga, é o melhor de facto. Com o país que temos e as burocracias...
    È melhor prevenir do que remediar, sem dúvida.
    Obrigada, linda.

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  5. O homem devia estar a dormir, só pode!

    De alguém que te observa sempre!

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