sábado, 29 de maio de 2010

Apelo Gritante

Mãe, porque me tratas assim, quando o que quero é um abraço!
Mãe, porque me tratas assim, quando o que quero é um beijo!
Mãe, porque estás tão longe quando estás tão perto! Não entendo.
Minha mãe, só queria te ter! Só queria ouvir as histórias, como sentir o teu afago antes de adormecer. Só queria que cuidasses de mim, que tratasses de mim, só isso, nada mais. Sinto revolta, ânsia de ter a minha mãe. Ao mesmo tempo estou-me habituar a não te ter. Sinto tristeza quando vejo os outros meninos com os seus pais, com tudo inerente a uma família feliz, e eu me pergunto: porquê que eu não tenho? Que fiz eu?! Não encontro as respostas para já. Tenho tanto medo de quando as encontrar não te perdoar.
Tenho medo de crescer uma pessoa má, feia por dentro. Tenho medo de não saber amar ninguém, porque simplesmente não sou amada.
Mãe, é pedir muito o teu amor, a tua atenção? Só quero ser feliz!!


"É isto que eu presencio todos os dias nos olhos tristes dessa criança. Um silêncio gritante de socorro.
Revolta-me este estado de impotência perante os factos, de inércia pateta. Revolta-me a passividade, a ignorância, a displicência de tudo à sua volta. Revolta-me ver o final da história e saber, de antemão, que podia ter sido evitado. Revolta-me!!"

12 comentários:

  1. Infelizmente eu também conheço umas quantas histórias como esta...e é triste, sim...mas é este o mundo em que vivemos.É triste quando nos apercebemos que nem os animais tratam as suas crias como alguns pais que encontramos por aí. Mas é preciso aceitar a realidade, nunca vamos mudar o mundo. O máximo que podemos fazer é tentar não cometer os mesmos erros.
    beijo

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  2. Fiquei bem emocionada com o teu texto, uma situação muito triste que nunca deveria acontecer.

    Beijo

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  3. Doí e dói mais quando nos sentimos impotentes perante realidades tão duras.
    A vida às vezes é uma merda!

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  4. Sei bem o que é sentir isso, não por parte da minha mãe, que é a melhor coisa que tenho nesta vida, mas sim por parte do meu progenitor.

    Mas se há coisa que aprendi foi que o que não nos mata (e não foi por falta de ameaça por parte da pessoa) torna-nos mais fortes, realmente!


    Beijinhos*

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  5. Acredita que vou para a cama a pensar seriamente nas tuas sentidas palavras. Chocante a tua discrição. Só tenho vontade de pôr essa criança ao colo e dar-lhe o que essa mãe nega lhe dar. Como pode haver mulheres que enchem a boca para dizerem que são mães!
    Estou com o coração apertado.

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  6. É triste, mas é uma realidade da qual se convive. Posso ter uma pequena ideia de quem escreves e sinto muita pena e raiva ao mesmo tempo. Por mais que se fale, por mais que se tente pôr alguma coisa naquela cabeça oca, ela está como uma pala diante dos olhos. Só vê quem não interessa e quem precisa e faz parte da sua vida, descuida.
    Quando se der conta e se der, será tarde. Depois irá chorar baba e ranho.
    Já fiquei mal disposta!


    Beijos

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  7. Esse teu texto descreve na perfeição um mal que assola a vida de muitas crianças que indefesas e sem culpa alguma são assim tratadas, como se de um objecto se tratassem.
    Que será de muitas dessas crianças se ninguém fizer nada por elas? Esta pergunta ecoa na minha cabeça sempre que penso que serão essas crianças o nosso futuro...

    P.S.- Aos poucos começo a voltar ao normal, foi assim uma espécie de crise de imaginação... ;D

    beijinhos***

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  8. Tanto já se falou, tanto já se tentou fazer para inverter a situação... O pior é que o ponto sem retorno está cada vez mais próximo e isto é tão óbvio que me entristece o facto de ver que as transformações de que falas já se estão a dar... :(

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  9. Custa ler as tuas palavras. Custa ver que esta realidade existe e que é anti-natura. Irá custar-me quando sair deste espaço com as tuas palavras ecoando nos meus pensamentos. Irá custar-me no futuro quando for pai, pensar se irei ter uma mãe para os meus filhos assim. Como é possivel!

    Beijos e abraços

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  10. É triste, mas é real. Nunca pensei que poderia acontecer, mas há mães que apenas são apelidadas como tal por terem dado à luz uma criança. Porque mãe para mim não significa apenas dar à luz, mãe é muito mais (é amor, é confidente, é amiga, é conselheira, etc.).

    Graças a Deus que a minha mãe é mesmo MÃE, aquela que está do meu lado para o que der e vier.

    Quanto a essas "criaturas" que também gostam que lhes chamem mãe, para ficar bem no "figurino", acho sinceramente que não deveriam ter direito a ter filhos. Posso estar a ser muito radical, mas estas situações revoltam-me, porque há mulheres que passam uma vida inteira a tentar engravidar para darem o seu amor a uma criança, e outras mulheres que têm filhos e não se apercebem da benção que Deus lhes concedeu.

    Mil pétalas...

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  11. Por isso não gosto desse endeusamento todo às mães. Porque tem umas que nem útero deveriam ter (desculpe-me por ser radical!).

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  12. Não confundir MÃES/PAIS com PROGENITORES/PROGENITORAS.

    Progenitor qualquer ser humano capaz de se reproduzir pode ser.

    Pais nem todos têm essa capacidade!

    Há uma diferença entre os dois termos.

    Progenitores são os que nos dão a vida com os genes.

    Pais são os que nos dão a vida com o amor.

    Infelizmente nem toda a gente pode ter a sorte que os seus progenitores sejam também seus pais.

    Eu tive uma mãe e um progenitor. (cá está a diferença)
    E a minha mãe fez/faz de mãe e pai.


    E o maior medo da mnha vida, é que um dia venha a ser apenas progenitora quando quero muito ser mãe.
    Mas acho que é um medo que todos sentem pelo menos uma vez na vida.

    Beijo

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