Tóc-tóc-tóc... Pão por Deus!!!

Não podia deixar passar em branco. Tantas e boas recordações que tenho do dia 1 de Novembro, dia do pão por Deus. Nostalgia, é a primeira palavra que me vem à mente.

Já se passaram mais de 20 anos e ainda consigo sentir como se fosse hoje a adrenalina de véspera. A excitação de nem conseguir dormir, de tão ansiosa que ficava para viver aquele dia. Começava logo às 7 da manhã onde nos juntávamos todos no ponto de encontro que era no ringue. Ora, não fazíamos a coisa por menos! Eu e o meu irmão éramos uns pestinhas apesar dos nossos 6 anos de diferença. Eu era a mais pequena do grupo, e como tal, andava sempre atrelada ao meu irmão e aos amigos dele. Ele ficava furioso, mas era gramar comigo ou ficar em casa.Temos pena.

Era a reinação total. A alegria estampada nos nossos  olhos. A competição de ver quem enchia mais os saquinhos com guloseimas, quem recebia mais dinheiro. Levávamos muitos nãos, mas também muitos miminhos. Por ser a mais pequena, as pessoas engraçavam-se com as minhas sardas, os carrapitos e acabava sempre por  levar a dobrar. Oh, que chatice! Ao meio dia acabava a nossa ronda com os sacos e bolsos cheios, e vínhamos contentes para casa. Nem almoçávamos de tanto doce na barriga.

Depois em casa, o sacana do meu irmão, sempre queria passar-me a perna a tentar tirar-me as minhas guloseimas e o dinheiro. Um sacaninha, portanto.

Ao lembrar-me destas passagens da minha infância, fico triste por saber que a minha Zunfinha não vai ter o que eu tive: liberdade de poder andar sem medo. É impensável nos dias de hoje deixar uma criança andar sozinha por ai, é triste mas é a realidade. Eu tive essa liberdade! Sei e recordo com muita saudade desses e outros tempos que estão aqui, na caixa de pandora.