quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ainda sobre a Educação...

Este post serve assim, como um rescaldo ao post anterior. Digo, o do mesmo tema.

- Sobre (este) post que fiz, nem de propósito, agora deparo-me com (este) artigo. Se já tanto estava escarrapachado no post, se já tanto estava escarrapachado na troca de comentários, esse artigo... bom, é tirar as conclusões.

- Ontem, a título de curiosidade, a Zunfinha trouxe de trabalhos de casa: três fichas de matemática (uma delas tinha exercícios que ainda não aprendeu na sala de aula (!)). Fazer uma cópia. Ler a cópia. Procurar no dicionário palavras do texto que estavam riscadas e escrever o significado delas. Eram só 11 palavras. Parece pouco. E é para quem domina o dicionário. Agora, para quem começou à pouco tempo a mexer e a ter noção como se trabalha com ele, é de se prever o cenário que foi. Ficha em anexo da cópia. Nem vou escrever que às tantas, houve exercícios que tinha que interpretar que esquece, não entrava. Explicava-lhe e nada, não entrava. Já nada entrava. Já ela estava com a cabeça em água e eu, às tantas, também. Por vê-la assim, por tudo aquilo. Pausas eram feitas, obrigatoriamente. E com isto, o tempo passava, passava... tique, taque, tique, taque... Numa situação normal, ela é criança de assimilação fácil. Tem gosto em aprender, e quer mais e mais. Ontem não. Vi na minha filha exaustão. Desmotivação. Foi isto que me deixou doida. Bolas, não nos podemos esquecer que a Zunfinha, caramba, tem 7 anos e anda no 2º ano. Quer dizer, já não chega a rotina escolar que tem, as aulas começam às nove da manhã, com a pausa do lanche da manhã (quinze minutos) e depois o almoço (uma hora) e a pausa do lanche da tarde (outros quinze minutos), para só terminar a escola às cinco e meia da tarde. Todos os dias. Chega ao fim-do-dia, onde deveria sossegar um pouco, mas não, ainda leva com mais umas quantas coisas para fazer em casa. Tem sido assim (praticamente) desde que o ano lectivo começou. Ontem começámos a trabalhar às seis e meia da tarde, parámos às oito e tal para jantar. Retomámos às nove e qualquer coisa para terminar quase às dez. A Zunfinha às nove, nove e meia o mais tardar já está na cama. Houve claramente uma quebra de rotinas aqui. Assim que a Zunfinha se deita e dou-lhe um beijinho (nem houve história) de boa noite, diz: "sinto-me tão cansada, mamã (nem cinco minutos tinha passado após tal comentário e já dormia)". - Ando doida com isto, doida.

- Na semana que saiu o primeiro link, escrevi que a Zunfinha tinha testes. Pois bem, o de Português, foi repetido. Fizeram o primeiro teste, mas segundo consta (hei-de perceber bem os contornos) o teste era difícil. Então, toca de fazer um segundo (!).

Mediante isto tudo (e muito mais), e como vou ter (mais uma) reunião com a senhora professora, pois pedi (vai-se lá perceber porquê), vou imprimir o segundo link que tem o artigo e dar-lhe, para que ela leia. Pode ser, sei lá, que lhe faça click.

8 comentários:

  1. Já tantas vezes questionei com o ensino dos nossos filhos, fico perplexa com tanta matéria e tanta pressão que fazem aos nossos meninos de tenra idade, o meu começou a sua jornada no 1º Ano e ja sinto a pressão em casa, porque ele estava com dificuldades em Ler em Janeiro e que outros meninos estavam já adiantados, Ok até percebo a pressão que os Professores tem em mãos, fico é confusa que uma criança de 6 anos no 2º periodo já deve estar a ler, recordo me que no passado era bem diferente eu andava eu no 2º classe e ainda estava a aprender...
    E verdade os testes de avaliação... o meu hoje tem do estudo do meio e ontem ainda teve a fazer fichas em casa as 8 da Noite, como é possivel dar mos conta do recado com tão pouco tempo que temos e eu sou muito fã das rotinas diarias e o Piolho as 21.30 tem que estar na casa... Hoje ia ele nervoso com o teste de Estudo do meio e disse que era dificil que não percebe muita coisa... É demais para crianças tão pequenas.

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  2. Volto mais logo para te ler com atenção.
    Hora de cozinha (ahahahah).
    Beijo

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  3. Acho que a culpa não está tanto na professora, a culpa nos burocratas do ministério da educação, que querem à força bruta melhorarem as estatísticas do ensino para o ministro e o governo terem a vaidade de ir lá para fora dizer que graças a eles o país tem melhore níveis de educação. Claro que tudo é mentira, claro que tudo é à bruta, interessa o número, a quantidade, a estatística (e o Crato é formado em Estatística), mas a qualidade, o conteúdo, o trabalho continuado, isso não interessa para nada. É um modelo educativo tipo gulak ou então pastilha elástica, interessa é o balão que se faz e não se alimenta ou não!

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  4. Formei uma pequena teoria, depois de ler os teus post e os comentários, deste e do primeiro post (ainda nem li o artigo, confesso):
    Julgo que o ensino institucionalizado de hoje (ao contrário do nosso, bem mais lento, onde se aprendi a caligrafia, o "a, e, i, o, u" primeiro e só depois as consoantes, depois é que se juntavam as sílabas e a seguir as palavras) quer levar os estudantes todos a aprender rápido, mais, para quando terminarem o ensino supostamente obrigatório, tenham mais conhecimento (como se isso fosse prudente) a fim de irem mas é trabalhar e deixarem de lado o sonho de tirar um curso superior e assim evitar o aumento do desemprego.
    Isto é apenas uma cadeia de pensamentos que tive, como escrevi, uma teoria. Se é possível que alguém tenha engendrado este esquema, como forma de preparação para o futuro dos estudantes em geral promover o avanço de um País que não oferece possibilidades iguais para todos de forma coerente, é algo que me assusta. Mais, depois de te ler, de saber que é comum a todos os Pais, esta frustação e importência, sinto-me esmagada pela hipótese de estar a servir a minha filha de bandeja, como de marioneta se trate.

    Tenho receio de quando chegar a minha vez. E sei que não irei reagir bem a essa frustração.
    Como Mãe, entendo-te apesar de não viver essa realidade. Luta Essência, luta pela qualidade de Vida da Zunfinha, para que ela possa perceber que as regras cumprem-se mas não sob uma batuta incoerente.

    Beijocas inconformadas ;)

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  5. O sistema de ensino realmente dá-me náuseas.
    Independentemente de eu concordar ou não com os famosos TPC's (e btw não concordo) gostava de saber para que serve passar exercícios que a criança ainda não sabe fazer.
    Uma criança não pode ter essa rotina que descreves, não pode...

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  6. Depois ficamos muito admirados com a quantidade de crianças a necessitar, prematuramente, de apoio psicológico... Há que dar tempo e espaço para que as mesmas possam ser crianças sob pena de termos adultos em miniatura... Malfadada sociedade da competição!

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  7. as crianças precisam de tempo para brincar, para serem crianças.....!! isto é um abuso, que triste é ler isto!

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  8. Ana Santos,

    Resta-nos perante os nossos filhos, dar-lhes segurança de que tudo vai correr bem. Levantá-los para cima quando estão inseguros. Mostrar-lhes que com esforço e dedicação tudo se consegue. Como disse a Karochinha, e bem, as regras são para ser cumpridas (independentemente do que os adultos acham, isso é resolvido entre eles). É esse o espírito a passar. Depois, nós, os pais, temos, devemos fazer ver a quem é de direito que estamos cá, atentos a todos os sinais dos nossos filhos. Estamos cá, atentos a tudo o que se passa com eles e à volta deles.

    cantinho,

    Que o almoço tenha-te sabido pela vida. :)

    Enfant,

    Entendo-te e em certa parte concordo contigo. Agora a outra parte...
    Compreendo que os professores estejam a fazer o que lhes é incumbido. Compreendo que têm que ter a salvo o seu posto de trabalho. Compreendo tudo isto. Agora, o que não compreendo é que para salvaguardarem tudo isso, tenham que passar por cima das crianças. Como disse no outro post, elas, as crianças, acabam por ser o elo mais fraco (...).

    Eu tenho consciência, tu tens consciência, outros pais têm consciência que as decisões, que as grandes decisões não passam pelos professores mas sim lá de cima, do Governo. Mas quem dá a cara? São os professores e a instituição onde trabalham. Mesmo que não seja eficaz, o teu primeiro impulso é ires ter com os que estão ali à mão. Quem dá a cara todos os dias. Porque se ao falar nada acontece, calar, consentir, nem quero imaginar. Mesmo que no imediato não surta efeito, a longo prazo, acredito que faça alguma diferença. Pois quem gosta de ser constantemente "massacrado" por causa das ideias "brilhantes" dos outros?

    Karochinha,

    Entendo-te, mas como te disse no primeiro comentário, não sofras por antecipação. Guarda as forças para a altura. Vais precisar.

    Vee,

    Eu também concordo com os tpc´s, concordo com disciplina, rigor e tudo mais. Concordo, mas com conta, peso e medida. Tudo o que transborda, estraga. E aqui, peca-se pelo excesso.

    mmm´s,

    Um bom resumo, diria. Obrigada.

    Maria,

    Se é triste ler, imagina ver.

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"Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo".♥ - Fernando Pessoa

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