quinta-feira, 3 de maio de 2012

Depois de tanto ouvir, ver e ler sobre o tema sensação, eis a minha perspectiva


Sobre o momento sensação onde o palco foi o Pingo Doce e os actores o povo. Vi nas notícias as imagens chocantes (sim, para mim foram chocantes), das pessoas a engalfinharem-se como doidas que estão acabadinhas de sair do hospício. A loucura era transparente nos rostos e olhares daquela gente. Pareciam que estavam no meio do deserto, ávidos pela última garrafa de água que se encontrava no recinto. E a única coisa que tinham em mente pelos vistos era, ou eram rápidos na busca, ou morriam à sede. Estonteante. Depois, perceber claramente a falta de civismo das pessoas. E mesmo não justificando os actos de selvajaria, porque enfim, não tem qualificação, foi patente que, o que para muitos foi uma questão de necessidade, para outros, claramente, foi ganância.
Antes de escrever este post, fiz uma reflexão das imagens que vi, das opiniões que li por aí. Também pus em cima da mesa a conjuntura em que se encontra o país, a Europa, o Mundo. Claro que sim. E por isso mesmo, é que fico doida quando vejo que as pessoas ficam completamente cegas, surdas e mudas quando pensam elas que vão tirar partido de algo. Ficam completamente absorvidas quando pensam que vão pôr alguns tostões ao bolso. Mas só pensam no imediato. Só pensam no óbvio que ali está escancarado. Não conseguem pensar um pouco mais além. Não conseguem fazer contas à vida e perceber se efectivamente o que lhes estão a "dar" é assim tão vantajoso a longo médio prazo. Porque claramente, o que importa, é o agora. O importante é naquele exacto momento sentirem-se aconchegados com as tais promoções, os hiper, mega descontos que estão a "dar" só porque sim. Afinal, para comer, não existe tempo. No entanto, no meio desta loucura toda, ainda consigo ter discernimento suficiente para questionar onde pára a crise? Sim, porque se o cenário existente é que afinal as pessoas estão completamente endividadas ao ponto de terem que entregar as suas casas, não terem dinheiro para pagar a conta da luz, da água e por aí fora, porque afinal, as facturas vêm, e depois, há que ter dinheiro em caixa para fazer face as despesas. Então, se não há para comer (supostamente), porque cada vez mais as pessoas vão aos bancos alimentares, assim como tem que contar quase a conta gotas o dinheiro que têm que gastar com a alimentação do mês, porque sim, hoje em dia, são poucas as pessoas que levam ranchos para casa. Levam sim o básico, o essencial para a semana. E assim sucessivamente até chegar o próximo mês. Isto é patente, quando vamos às compras e olhamos para o panorama geral nas caixas, ou quando ouvimos as pessoas que são entrevistadas nas ruas quando o assunto é a crise e tudo mais. O que escrever então para as restantes despesas? Pois. A questão se impõe. Como é que para esta promoção relâmpago houve dinheiro para levar o que se precisava e não? Porque é mais que sabido que o povo português se empolga com este tipo de iniciativas. E sim, pensei também que foi final do mês, que quer queiramos quer não, as pessoas têm que fazer as suas compras e tudo mais. Mas, segundo as notícias, houve compras que ascenderam os mil e muitos euros. Mesmo que tenha ficado a metade do preço. Como fazer face a este "contratempo"? Porque o dinheiro teve que sair de algum lado. Cartões de crédito por exemplo, devem ter roçado e muito por estes POS´s a fora. Gastar o que tinham e não, típico e assustador. Porque é por se gastar o que se tem e não, que estamos na banca rota. É por se gastar o que se tem e não, que estamos endividados até mais não! Por este pensamento tacanho do "agora é que está acontecer, então não pensamos, vamos aproveitar. Depois, depois logo se vê como se resolve a coisa." - E é esta a política que queremos deixar para as gerações que se seguem. Brilhante, diria.

30 comentários:

  1. Brilhante, digo... :)

    beijo
    Sutra
    P.S.: Parabéns pelo texto e pela perspectiva. Não consigo acrescentar, nem retirar nada! :)

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  2. :) É bem verdade, para quem faz compras do mês ainda compensa, agora para pessoas como eu que vão comprando, seria só para comprar o que não preciso!

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  3. Adorei o teu texto. E essa é uma questão que ontem quase não foi abordada, numa época de crise onde foram então algumas pessoas buscar tanto dinheiro?! é como dizes e bem só pensam no agora e no que podem ganhar no momento. E é esta a mentalidade de um povo. E como alguém dizia, as mentalidades são as ultimas a mudar. Como é que Portugal pode ser diferente?!

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  4. Vamos ver como vão pagar os cartões de crédito!!! Vamos ver ...

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  5. finalmente uma prespectiva do assunto, em que os tipos do pingo doce nao sao os maus da fita, nem os funcionários são os explorados.


    a questão é essa mesmo:a falta de civismo e o levarem esta promoção, como se fosse o fim do mundo.

    tipo cá em casa, vai-se as compras semanalmente, e não é preciso muito para chegar aos 100 euros ou la perto, não é preciso comprar metade do supermercado.

    agora como ouvi, pagar 400 euros, ou ir de manha e á tarde,é a estupidez das pessoas

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  6. Nem mais Essencia
    Brilhante as tuas palavras acertadas sobre est assunto.
    As pessoas necessitam de olhar ao spelho e verificar os erros que comentem, nada melhor que organizar a casa e as compras que entram e sempre o essencial o desperdicio fora de contexto.
    O que vimos nas reportagens e entrevistas de pessoas eram simplesmente animais a procura do ultimo osso, são estas pequnas situações que somos tão pequeninos em compraçã com o resto da Europa

    Bjstos
    BOM TEXTO

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  7. Tenho para mim que imensa gente gastou o que lhe vai fazer falta para o resto do mês e nem sequer em coisas que realmente necessita...

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  8. ...como já te deves ter apercebido, a minha perspectiva vai ainda mais longe...

    ...mas a tua está brilhante!

    :)

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  9. E o pior é que os funcionários não sabiam o que lhes ia acontecer naquele dia, só directores e gerentes. tudo mantido em segredo. Acho bem que façam promoções mas não do jeito que foi. Tenho pena ( porque a minha empregada contou-me ) de uns vizinhos da minha empregada, em que a reforma é de 100 e tal euros. a senhora nunca fez descontos, o senhor espetou um prego na cabeça no trabalho e fico deficiente. O Padre que via as necessidades deles, não foi capaz de apelar na missa a ajuda...para que alguém os ajudasse , uma vez que a casa precisava de obras. E quando um Padre fala, o Povo até é capaz de ajudar. Esses senhores não têm 100 euros para aproveitar essas promoções, e como eles existem muitos casos. A minha emprega vai-lhes dando dinheiro e produtos da terra, bens alimentares. Eu quando sobre da situação fui ao meu guarda-roupa e tirei uma camisa nova que tinha sido oferecida há dois ou 3 anos, ainda com etiqueta e que nunca a tinha vestido e disse " dona Guida, aqui vai uma camisa para os seu vizinho.. ". E um dia hei-de-lhes mandar comida. em vez de gastar em guloseimas, posso muito bem comprar pacotes de arroz e massa com 5 euros ou 10... isto foi uma manobra bem feita do pingo doce e que prometem repetir o acto..li nos rodapés. beijos

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  10. engraçado que ontem dizia ao mê senhor que há gente que nao tem 50 euros no bolso para gastar em comida e como foram comprar aos 200? mas depois fui elucidada, por uma colega . muitas famílias juntaram-se para a partilha da conta.
    e sim, concordo contigo quando dizes que só se pensa no agora , ma stb há osds que falam e falaram até rebentar pelas costuras da iniciativa do PD mas sao so que fazem fila nas lojas Zara, Massimodutti, Blanco, Stradivarius para aproveitar o desconte de 50% .
    kis :=)

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  11. Concordo em parte contigo. Não acho que tenha sido uma má promoção, acho que a maneira de pensar das outras pessoas é que é errado. Quem tem dificuldades, fazer uma compra de 100 € e qualquer coisa, e gastar 50 € e quê, vale a pena... comprar o básico e mais qualquer coisa para ajudar. Agora ver as pessoas a sair com paletes e caixas e embalagens como se o mundo fosse acabar amanhã não.
    Enfim...

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  12. Eu acho que no caso em apreço justificar o mesmo com a crise já não pega. Se fosse noutro tempo, talvez se visse o mesmo alvoroço, é quase como quando fazem os saldos em Londres no Harrod's tudo se atropela! Mas com a actual conjuntura a coisa parece ter outro "sabor", sabor esse que é explorado pelos media para justificar algo que nunca tem justificação a não ser a estupidez, a avidez e o ímpeto consumista que é estimulado pelo capitalismo.

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  13. Nem mais! Os senhores do PD com esta estratégia ficaram mais ricos. Senão vejamos: Embolsaram duma só vez milhões de euros e, como estes supers só pagam aos fornecedores a mais de 90 dias, imaginem só os juros acumulados (que darão para pagar os prejuízo de terem vendido abaixo do custo), no final do ano e graças a esta estratégia, os lucros irão baixar substancialnmente e os impostos que deveriam pagar, também. Quem é lesado? o zé português e o Estado que vê fugir-lhe, ainda mais o dinheiro dos impostos da Jerónimo Martins (que, recorde-se, deslocalizou a sede da empresa para a Holanda para fugir aos impostos em Portugal). Tão amigo que ele é (do bolso dele) e que "pobres" são os portugueses. E, na verdade parece que o dinheiro, apesar da crise, abunda em POrugal, no bolso dos portugueses!

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  14. falando por mim, porque so falo de experiencia propria, eu fui la.
    Mas so fui porque:
    Era inicio do mes.
    Por mes tenho definido gastar 100euros em compras (passa sempre porque pao, fiambre e coisas frescas vai se comprando conforme falta)
    Fui la comprei 220 euros e paguei 110 euros, não muda o meu futuro, alem de que no inicio do mes pago logo tudo e tenho apontado o que ainda falta!
    Sim deve haver muita gente que fez o que disseste, mas entre comer e pagar sei la... a casa, prefiro comer (por enquanto nao acontece isso).
    Continuo a condenar mais (e podes ler no post que escrevi) os que falm de boca cheia mas depois compram i phones e passam horas em filas para concertos!
    Beijinhos

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  15. Não acrescento nem mais um ponto.
    Não estive lá,sou contra estas promoções, odeio confusões e não sou consumista, compro o que me faz falta.
    Parabéns pelo texto.

    :)

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  16. Não acrescento nem mais um ponto.
    Não estive lá,sou contra estas promoções, odeio confusões e não sou consumista, compro o que me faz falta.
    Parabéns pelo texto.

    :)

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  17. Apenas uma palavra caracteriza tudo aquilo a que assistimos: TRISTEZA!

    E mais não digo, por desnecessário.

    Bj

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  18. Minha querida,
    Para mim, as promoções são sempre bem-vindas, seja de camisolas ou alfaces. Se puder pagar menos não vou pagar mais. Quanto às filas, só cai para elas quem quer. Estas não eram obrigatórias. A liberdade é soberana : se as pessoas querem gastar o que não têm, que podemos fazer? A educação é o único caminho, mas ninguém se preocupa.
    Aproveitamento politico? Já nem ligo aos politicos. Andamos-lhes a fazer um favor ao falar do Pingo Doce-grande publicidade gratuita- e ao esquecermos a miséria onde estamos atolados. Se tivessemos tantas ganas a discutir os problemas reais talvez isto andasse para a frente. Mas teimamos em concentrar-nos a julgarmos os outros. Somos ótimos a dizer mal do alheio. talvez seja a única coisa em que realmente somos bons.
    Se houve falta de civismo? Com tanta gente amontoado, como não haver? Até nas filas do multibanco, do futebol ou outras há sempre alguém que dá para começar a mandar bocas e destabilizar.
    Gostei do teu texto, muito sentido. Só não faço um post porque seria valorizar o que não devia ser, pelo menos para mim, mas, daí talvez, dê a minha opinião.
    Fica bem e sê muito feliz.
    Cá por casa também se fazem listas e contam-se os cêntimos, mas se tivesse sabido iria logo de manhã comprar as mercearias que sou obrigada acomprar de tão básicas que são. Ninguém me avisou e ando cansada de ver as noticias.
    Beijinho

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  19. Não fui.
    Não conheço as pessoas todas que foram e os múltiplos motivos que as moveram.
    Não critico pelo todo.
    Talvez chamasse ganancioso e estúpido a um ou a outro.
    Talvez derramasse alguma lágrima pelas razões daqueloutro...

    Não sei se um dia não terei que partir para qualquer guerrilha de promoções ou afins, armando-me com armas e dinheiro que inventarei...

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  20. É bem verdade! Mas que selvagaria nos Pingo doces um pouco por todo o país...Uma coisa são pessoas que fazem as compras do mês (ou semana) e que utilizaram essa benece...outra é casos como ouvi, de pessoas que mesmo com desconto atenção, gastaram quase 800 euros....Tudo o que apanhavam à mão traziam.."Ah ainda há geleia vou levar" e isso para que? Para chegar a casa e perceber que não precisa de 80% do que comprou? Para a comida se estragar?
    Eu nem sei o que diga nesta situação é revoltante...

    Beijinho*

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  21. Eu fui uma das pessoas que aderi a essa promoção, como deves ter reparado num post que coloquei no meu blogue. E fui com o intuito de aproveitar a promoção e trazer o essencial e não baboseiras. Foi sem duvida uma boa oportunidade e nao me arrependo. E em relação às pessoas, no local onde fui não houve conflitos nenhuns como também os vi nos noticiários. Foi calmo e tudo com respeito à espera da sua vez. Nunca tinha feito algo do género anteriormente e em parte compensou eu ter aproveitado, apesar de que alguns produtos essenciais já estavam esgotados.
    Mas que este assunto tem dado que falar tem dado mesmo.

    Beijinhoo*

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  22. Ah, para ser mais precisa... Fiz as minhas comprinhas ao que tiveram de chegar aos 100 euros para então ser me dado a oportunidade de desconto de 50%. Ou seja, apenas paguei 52 euros e trouxe aquilo que necessitava, apesar de alguns produtos que também me faziam falta estarem esgotados, mas a sorte não calha a todos lol Devia ter ido mais cedo :p

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  23. Provavelmente os cartões de crédito foram bastante utilizados... se tivesse tido conhecimento, aproveitava. Mas NUNCA iria gastar mais do que o dinheiro que tenho para gastar por mês no supermercado.

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  24. Eu quero acreditar que as situações de falta de civismo foram excepções.

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  25. Concordo plenamente. Eu pessoalmente e graças a Deus ainda não estou assim não necessitada para me ir meter naquela "guerra".
    Não critico que foi, mas de certeza muita gente gastou mais do que aquilo que realmente precisava...

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  26. Como já disseram: finalmente uma opinião que não fale mal do Pingo Doce ou que diga que os funcionários foram explorados.

    A promoção, de facto, valia a pena para pessoas que fazem as compras mensalmente e não semanalmente, contudo nada disso justifica a selvajaria que para ali foi. Parecia que o mundo ia acabar ou que iríamos ficar impedidos de sair à rua durante imenso tempo e, por isso, havia que rechear muito bem os armários lá da casa. E é assim, deste modo, que a verdadeira essência das pessoas se dá a mostrar. É triste, mas conforta-me a ideia de que, apesar de tudo, não somos todos iguais :)

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  27. Subscrevo por inteiro.
    Fez-me uma confusão ouvir pessoas a dizerem que gastaram 600€ (mais que o meu ordenado), e questionei-me "então e as contas pá????"
    E civismo é coisa que não aplicou aqui.Custou-me ver esse tipo de comportamentos.Eu no meu blogue questionei-me sobre onde ficava a responsabilidade se tivesse acontecido algo de grave.

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  28. Não fui, mas conheço pessoas que foram ao Pingo Doce e que se gabam do feito como se tivessem ido a Júpiter. É certo que há pessoas com dificuldades económicas e que cada vez há mais. Mas honestamente já não tenho paciência para os "pobres profissionais", que supostamente não conseguem pagar 10 euros de renda social, mas têm SporTV, Iphones e outras coisas que eu pagadora de impostos não tenho.

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  29. Obrigada pelas vossas perspectivas. Eu, como já expressei a minha no post, não me alongo mais a responder-vos individualmente.

    Kiss ;)

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