Chego ao portão e está a auxiliar da sala da Zunfinha a falar com uma (suposta) mãe. Entro e começo a procurá-la pelo pátio. Olho em frente e vejo, a minha Zunfinha encostada ao muro com duas crianças de volta dela. Uma, estava somente ao lado dela, mas a outra, estava de frente a pisar-lhe o pé e a agarrá-la pelos braços enquanto lhe falava algo que não consegui perceber. A Zuninha, estava com uma expressão assustada e imóvel. Olho para o lado e estava a outra auxiliar da outra sala a poucos metros delas mas, estava a olhar para o diabo que a carregue! Naquele exacto momento, nem sei dizer exactamente o que senti. Agora, acredito que tenha sido um misto de raiva e angústia. Assim que a minha Zunfinha me vê, vem a correr ter comigo, o seu porto-seguro. As miúdas, sairam dali a correr. Chamo a auxiliar que ainda tem o desplante de vir calmamente. (Pois claro, nada tinha visto)
Quando chega, conto-lhe o que se tinha passado. Ela, começou a ficar aflita (noto na expressão dela), pois se tocou da alhada. (É que, estar na conversa em vez de tomar conta das crianças que estão à sua responsabilidade, tem muito que se lhe diga). Entretanto, a tal auxiliar, chama a criança que estava a coagir a Zunfinha e, nos entretantos, ainda diz que precisava de ouvir as duas versões. Passei-me e disse-lhe, "Qual duas versões, se estavam duas crianças a coagir outra?! O que há aqui mais para perceber além do óbvio??" - No entanto, a miúda lá lhe diz muito constrangida, "ela (Zunfinha), estava só atrás de nós e por isso, fiz o que fiz". - A dita auxiliar, responde à criança que isso não se fazia e, ordena-lhe que peça desculpas à Zunfinha. Depois, vira-se para a Zunfinha e diz-lhe que ela também não tinha nada que andar a correr atrás delas. Ui... virei-me para ela e pergunto, "é justificação para o comportamento que as crianças tiveram? Só pelo facto da minha filha querer brincar com elas?!" - Diz-me que não, que tinha razão. (Às tantas, já nem sabia o que havia de dizer)
No entanto, ainda lhe digo que, "não estava a ter a abordagem mais correcta para com as crianças. Pois não era ali, no meio do pátio que se tratava do que quer que fosse junto dos demais que ali se encontravam." - Isto, sem falar da forma como levou a situação. Parecia um autêntico circo. Bolas, o cenário só tinha tendência para piorar, livra. E, quando penso nas duas auxiliares ali no pátio, mais duas pessoas que nem sei quem são ao certo e que tipo de funções exercem, mas que fazem parte da escola (segundo consta), e ninguém, mas ninguém, vê uma situação daquelas??!! Não dá para acreditar. Nos dias que correm, as notícias que se ouvem de situações destas e de outras, fora as que ninguém sabe, incrível.
Já no meu limite, contei uns quantos números mentalmente para acalmar e digo-lhe que iria falar com a educadora no dia a seguir. E sim, vou falar com a educadora. Vou deixar bem claro o meu desagrado, assim como, se algo voltar a acontecer, que não vou deixar por isso mesmo. Vou estar atenta. E, por mais banal (o que não é), a situação, não vou e nem quero deixar passar em branco. O assunto em questão são crianças e por acaso uma delas é a minha filha. Uma criança de 5 anos. Um bebé ainda, portanto. As outras duas tinham 7/8 anos. Hoje é isto e amanhã, é o quê? E quem lá trabalha, está lá a fazer o quê?! E quem deixa as suas crianças, pode ficar tranquila? Eu não sinto mais essa tranquilidade. Por mais que me tente abstrair destas atitudes destes profissionais, que por acaso estão tanto tempo com os nossos filhos, deixa a pensar, deixa muito a desejar e são elas mesmas que se põe a jeito para tantas questões serem levantadas. Confesso que saí de lá danada, com o coração pequeno só de pensar na cena em que vi a minha filha com medo, coagida por aquelas duas crianças que mais pareciam uns diabinhos. Só tenho/sinto vontade de abraçar a minha filha e não deixá-la mais. Enchê-la de beijinhos e miminhos para que ela se esqueça daquele infeliz momento. É estonteante mas, ainda sinto o nó na garganta e uma sensação de tristeza a corroer-me as entranhas. Não tem explicação.
Após falar com a educadora...
Explico-lhe a situação. Ela, obviamente que tentou limpar a água do capote dela e da sua auxiliar. (Porque será?)
É que subtilmente, bem nas suas entrelinhas diz-me que, "não devia empolar demasiado a situação pois são crianças pequenas. Elas (auxiliares e educadoras), não têm mãos nem olhos a medir para a quantidade de crianças que têm. O que se passou é o que se passa dia sim, dia não. Não devemos dramatizar. Estar atentos sim, mas não dramatizar."
É que subtilmente, bem nas suas entrelinhas diz-me que, "não devia empolar demasiado a situação pois são crianças pequenas. Elas (auxiliares e educadoras), não têm mãos nem olhos a medir para a quantidade de crianças que têm. O que se passou é o que se passa dia sim, dia não. Não devemos dramatizar. Estar atentos sim, mas não dramatizar."
Pergunto-lhe (parva com o que ouvia), "se fosse a sua filha e a educadora viesse com este tipo de discurso, o que pensaria? Como agiria? - Pois, deixe que lhe diga, que não estou a dramatizar ou a empolar situação alguma. Simplesmente estou a relatar exactamente como foram os factos. Afinal, falamos de crianças sim, tem toda a razão! Uma de 5 anos e outras de 7/8 anos. São pequenas, claro que são! Não sabem o que fazem. Humm... depende do ponto de vista. Isto porque as crianças quando querem, conseguem ser mais crueis que muitos adultos. Pela sua espontaneidade e sinceridade. Porém, cabe aos adultos pôr mão aos ímpetos dos mais pequenos. E mais do que a agressão física (pisar o pé e agarrar os braços), é o lado psicológico que mais se realça aqui. (Pelo menos na minha óptica)
Porque eram duas crianças para uma só. Eram as ameaças que eram feitas juntamente com os actos. A coação que por mais insignificante que possa parecer, existiu. Sim, são crianças (volto a reforçar). Sim, não têm noção da dimensão dos actos praticados, mas sentem, vivem as situações e marca, moi, magoa... e, hoje é isto, amanhã é aquilo e, quando damos por ela, começam os problemas de isolamento, medo, insegurança, falta de auto-estima e por aí fora... porquê? Porque não se estava atento. Porque não se deu demasiada importância, ou a devida importância. "Oh, afinal eram só crianças pequenas". - Mas as crianças são gente que sentem como nós, adultos. Obviamente que noutra dimensão, noutra perspectiva, mas sentem.
Relembrando, que só por acaso, estamos a falar da minha filha. O que seria suposto fazer numa situação destas? Fechar os olhos? Para quê? Para não importunar os funcionários da escola, ou para eu mesma não me aborrecer? É assim que funciona? - Que fique bem claro que estou atenta. Tanto na Zunfinha como em vocês. E, hei-de sempre falar como pedir justificações quando a situação assim o exigir. Assim como, se voltar a acontecer nestes moldes, uma participação irão ter. Pois é por haver impunidades que as situações continuam a acontecer. Tudo porque não se sentem as consequências dos actos."
Posto isto, as conclusões estão à vista.
Acho que fizeste mais do que bem!
ResponderEliminarSe fosse minha filha e visse a situação e as duas aves raras a olhar para o dia de ontem, saltava-lhes era em cima !
Espero que Zunfinha teja bem **
Nem quero imaginar o sentimento de impotencia que uma mae deve ter nestes casos!
ResponderEliminarUma das atitudes que teria, quando visse a minha filha "ameaçada" por duas outras crianças, seria chamá-las à atenção e fazer-lhes entender, porque elas sabem entender, que a idades sãi diferentes e não deviam fazer aquilo à criança.
ResponderEliminarÉ que se não são os pais a adverti-las, o que se vê das auxiliares (mas há de tudo),foi o que aqui descreveste.
É difícil ser-se pai, mãe, e educador. Neste caso, deveriam estar de olhos atentos para as crianças.
:)
olá. fizeste muito bem em falar com as auxiliares e tentar abrir-lhe os olhos. As outras míudas não tiveram a atitude mais correcta para com a tua filha e as auxiliares deveriam de exercer o seu trabalho com mais atenção. E se for preciso, para a próxima falas com a directora da escola. beijos e um bom fim de semana
ResponderEliminarOlá Essência, desde já obrigada :).
ResponderEliminarE quanto à Zunfinha, meu deus senti a angústia dentro de mim.
A mim irrita-me puramente as pessoas que são pagas por algo que não fazem. Eu acho que me tinha passado com as auxiliares. Meu Deus!
Agiste correctamente!
ResponderEliminarEu acho que logo ao ver a situação inicial me tinha passado e ia ser muito feio!
Beijocas
Agiste da melhor forma... Mostraste que estás atenta ao que acontece com a tua pequenina e claro está ao trabalho que elas não fazem...
ResponderEliminarHá sim senhor que chamar a atenção... E coagir uma criança de forma continuada deixa marcas sim!
Claro que pequeninas briguinhas na escola creche e por aí fora são normais... O que as educadoras e auxiliares têm de fazer é procurar que não haja violencia e que esses episódios deixem de ser tão frequentes!
Tem claro de estar atentas!!! Dá muitos miminhos a tua pequenita que ela bem os merece... bjo
Escrita intensa. O Jota gostou da cadência deste texto. Excelente tom narrativo. (Credo até pareço um professor de estudos portugueses). lol
ResponderEliminarMantém-te em alerta!
ResponderEliminarbeijo
Sutra
Essas nem sacaninhas são... mas antes sacanas!! Rodeia a cria e o episódio é por ela esquecido! :)
ResponderEliminarObrigada pelas vossas palavras.
ResponderEliminarAtenção, é a palavra de ordem!
Kiss