segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CASO MADDIE

"Últimamente não se tem falado noutra coisa nos media senão o caso Maddie ou o casal McCann.
Como ficou muitas dúvidas, muitos porquês, decidi passar para texto o que penso do caso."


O desaparecimento de uma menina inglesa, de seu nome Maddie McCann, de uma pequena aldeia do Algarve tornou-se num dos acontecimentos mais mediáticos dos últimos tempos à escala nacional e mundial, no que diz respeito a casos deste género que, infelizmente, acontecem com bastante frequência no mundo inteiro.

Por todas as circunstâncias que envolvem este caso são várias as perguntas que me assolam: Mas porquê este caso em particular? Porquê o de uma menina inglesa? Se há tantos casos de crianças portuguesas desaparecidas, porque é que não tiveram este mediatismo e os mesmos meios empregues para as encontrar? Foi necessário desaparecer uma menina estrangeira no nosso país para todos nós, subitamente, nos preocuparmos com as vítimas deste tipo de crime? Mas que crime? Homicídio? Rapto?

Qualquer opinião que tenhamos sobre este assunto será obrigatoriamente influenciada pelos media que fizeram uma cobertura nunca antes vista em terras de Camões. Jornalistas portugueses e estrangeiros invadiram a pacata Aldeia da Luz em busca da melhor história, da melhor foto, da melhor entrevista, do mais pequeno pormenor sobre a investigação.

Muito se diz e disse acerca das circunstâncias que envolveram o caso, falou-se na tese de rapto, na tese de homicídio involuntário e ocultação de cadáver. Os investigadores da Polícia Judiciária, que julgo serem bastante competentes, consideraram muitas hipóteses sem chegarem a uma conclusão definitiva ou, se chegaram, não tiveram provas conclusivas que lhes permitissem chegar ao (s) culpado (s). Foram tantas as contradições dos próprios amigos do casal McCann que fica a dúvida se estes, conhecendo a verdade, não estariam a tentar encobri-los. Não pretendo, nem posso, por desconhecimento, falar de certos aspectos do caso por isso cinjo-me ao que, inicialmente causou tudo isto: o comportamento dos McCann.

Um grupo de adultos, com filhos menores ainda bebés, janta descontraidamente num aldeamento turístico num país estrangeiro deixando as crianças sozinhas, entregues a si mesmas, num pequeno apartamento onde estão instalados. Mas que pais, no seu perfeito juízo, cometem tamanha barbaridade? É preciso ser-se muito inconsciente e displicente para deixar que isto aconteça, principalmente em solo estrangeiro onde raramente conhecemos quem nos rodeia e quais as suas intenções.

Os pais de Maddie alegaram que tal comportamento era perfeitamente aceitável pois iam verificar as crianças em intervalos regulares de poucos minutos e que, estando a jantar a poucos metros do apartamento, sentiam que elas estavam em segurança! Podemos atribuir tais afirmações a crenças culturais e formas de estar que nos são estranhas mas é difícil aceitá-lo quando o que está em causa é a segurança e o bem-estar de crianças indefesas que necessitam de um cuidado permanente dos pais. Nada disto teria acontecido se os pais estivessem presentes. Ou se calhar até estavam, algo correu mal e foi necessário ocultá-lo.

Todos somos diferentes e reagimos de formas distintas face a um determinado acontecimento mas se eu pensar que a minha filha havia sido raptada com certeza que ficaria completamente desesperada, num pranto descontrolado e certamente que teria dificuldade em falar fosse com quem fosse. Por isso sempre estranhei a postura dos McCann nas entrevistas que deram, sem emoção, sem uma única lágrima, sem qualquer espécie de desespero, apenas com um ligeiro esgar de tristeza que poderia ser atribuído a uma ligeira má disposição.

No início da investigação, os McCann centraram a atenção em divulgar a foto de Maddie e a apelarem às massas para avisarem as autoridades caso tivessem alguma informação que pudesse levar ao seu paradeiro, algo perfeitamente normal numa situação destas. Com o decorrer da investigação e depois de considerada a hipótese de Maddie ter morrido no apartamento e dos pais serem suspeitos do crime, o seu comportamento alterou-se completamente. Abandonaram o país depois de terem sido constituídos arguidos quando, semanas antes, afirmaram a pés juntos que não sairiam da Aldeia da Luz até saberem do paradeiro de Maddie. Foi um abandono conveniente já que, no seu país de origem, estariam protegidos de quaisquer pressões exteriores que pusessem em causa o seu bom-nome que, como se sabe, é bastante considerado em Inglaterra uma vez que pertencem à classe alta e que têm familiares influentes o que, aliás, ficou bem presente nas pressões políticas que se seguiram.

Outro dos factos que sempre me impressionou foi a quantidade de detectives privados contratados para chegarem ao paradeiro de Maddie. Na minha opinião, esses detectives andavam às cegas, se fossem tão bons como afirmavam já tinham descoberto a verdade, e apenas apareceram em cena para desacreditarem a polícia portuguesa que a partir de uma determinada altura não teve mais condições para continuar a investigação tal foram as pressões externas que sofreram. Foram humilhados, enxovalhados na praça pública e o mais incrível é que não houve, pelo menos que me lembre, nenhuma tentativa do nosso governo para contrariar isso. Pelo contrário, houve o afastamento dos principais investigadores, afastamento esse que arruinou as suas carreiras, nomeadamente a do Sr. Gonçalo Amaral que, através do livro que escreveu sobre o caso, nos permite ver a história na perspectiva da investigação numa tentativa, a meu ver bem sucedida, de limpar o nome da Polícia Portuguesa. O livro é objectivo, factual e dá-nos a conhecer o outro lado da história e os seus intervenientes, os seus objectivos e convicções. Aconselho a sua leitura.

O “Caso Maddie” tornou-se uma novela em que o enredo se complicou ao invés de se simplificar, onde as prioridades se inverteram e os suspeitos se tornaram vítimas. O caso foi arquivado, as pessoas já esqueceram que isto aconteceu, os McCann continuam a busca por Maddie que continua desaparecida e as dúvidas mantêm-se: se foi rapto, onde estará? Se foi homicídio por negligência e ocultação de cadáver, como aconteceu e onde está o corpo? Será que todo este aparato apenas serviu o propósito de desviar as atenções da verdade? Até onde irão os pais para manterem esta farsa? Será farsa?

Espero que um dia a verdade se descubra e que Maddie seja encontrada e que se saiba o que realmente lhe aconteceu. Espero também que este caso sirva para alertar a comunidade para a importância da supervisão dos nossos filhos em quaisquer circunstâncias. A verdade, essa, é só uma e ficará adormecida com o casal McCann e o seu grupo de amigos na noite de 3 de Maio de 2007.

2 comentários:

  1. Olá,
    Independentemente de todo o enredo á volta do caso, eu sempre tive a minha opinião formada, em que os únicos culpados são os Pais; principalmente a Kate, porque naquele casamento é parte forte do casal, o marido pouco falava só quando ela consentia, e a partir do momento que foram constituídos arguidos, então ele perdeu por completo o poder de falar, ela era a autoridade!

    Só acho lamentável toda esta fantochada, e que ainda consiga mover jornalistas atrás deles e como tu dizes não são portugueses, e tanta importância a este assunto. Mas realmente eles tem que ter alguém muito importante por detrás deles para conseguirem tanta influencia mundial, serem recebidos pelo Papa, terem jactos particulares para as deslocações...nesta história há muita coisa mal contada!!

    E a mim trouxe-me muitos problemas ao meu filho, entro em colapso nervoso, porque não conseguia proteger a irmã (sendo ela gemea) foi muito sério, teve que ser seguido por uma Psicóloga, porque o medo dele era que levassem a irmã...

    É os prós e os contra dos média...mas continua a ser um assunto de dá muito para divagar...

    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. Sinceramente só espero que esse episódio com os seus gémeos tenha sido superado!

    Em relação ao caso Maddie, a única certeza que existe é que a menina desapareceu! Independentemente de tudo o resto...

    Beijos

    ResponderEliminar

"Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo".♥ - Fernando Pessoa

A essência que queres partilhar comigo é?...