O puxinho do vizinho

Como já tinha mencionado no post Miminho de Mãe, a minha mamy veio fazer-me uma visita com direito a miminho e tudo. Veio lanchar e acabou por jantar também. Eis que, durante o jantar, falou-se das aventuras da minha mãe na fisioterapia com os velhotes, recordamos alguns episódios de longos anos com muitas peripécias da minha parte (só coisinhas inofensivas!).

A risada geral deu-se quando a minha mãe contou que soube há dias que o vizinho que usa peruca há décadas ficou uma semana trancado em casa porque os netos resolveram esconder os puxinhos (perucas) todas ao avô! Com isso o homem não saiu de casa. Nunca assumiu a falta de cabelo.

Mas o que nos rimos mais, é que eu quando tinha os meus 6 anos quis fazer exactamente a mesma coisa, tirar-lhe o puxinho. O senhor Abel é amigo dos meus pais há muitos anos e frequentávamos muito a casa uns dos outros. Uma vez ouvi os meus pais comentarem que o senhor usava peruca, e porque não assumia de uma vez. Isso ficou-me, até que um dia tive a oportunidade de fazer a minha traquinice. Quando o meu pai foi jogar às cartas em casa dele levou-me junto. Lembro-me como se fosse hoje: estavam todos numa mesa rectangular a jogar, eu pequenina no meio à espera da melhor altura para lhe tirar o puxinho. Estava quase, quase mesmo. A minha mão estava quase a tocar a peruca quando o meu pai se deu conta e tirou-me a mão. Fiquei para morrer. O meu pai estava furioso. Levou-me logo para casa.

Sei que tempos a tempos quando estamos todos juntos nos lembramos desse dia e é aquela risada.

Hoje o comentário da minha mãe foi: "o que não conseguiste fazer em pequena os netos fizeram! O que eu e o teu pai já nos rimos quando soubemos, só nos lembramos de ti..."

Recordar. Recordações tão... endiabradas da pestinha sardenta. Foi o jantar todo na risada, sim.