Impulsionada por (esta), notícia, questiono: quando é que os pais se capacitam de uma vez por todas, que a escolha do nome do seu bebé, pode ser um estigma ao qual, a criança, terá que carregar durante toda a sua existência?
Concordo inteiramente contigo. Coitadas das crianças que não teem cupa da incapacidade para pensar por parte dos pais, mas depois são as que sofrem com isso. Enfim. :(
O egoísmo e atabismo de muitos adultos revolta-me quando estão em causa os interesses das crianças e estes são relegados para segundo plano. As crianças em certas idades são extremamente cruéis umas com as outras... e o nome pode ser de facto um factor estigmatizante.
Aqui há anos em conversa com uma amiga minha que tinha emigrado para os Estados unidos eu dizia-lhe: "Ó Lucinda... foste dar um nome americano ao teu filho... isso é negar-lhe as suas origens!"... mas ela respondeu-me: "Não podia dar um nome português ao meu filho senão depois ele era maltratado na escola.".
Depois desta resposta calei-me... e se calhar a partir daí deixei de fazer juizos de valor sobre as decisões dos outros.
n ha mts pais a pensarem nisso...sao pessoas q so olham para o umbigo delas. é como aqueles pais que empurram os seus sonhos e frustações para os pequenos..enfim.
Ui, como entendo este post e todo o seu conteudo, apesar de ter um nome considerado lindo por muita gente, quando lhes pergunto se gostavam de tê-lo, ficam com aquele sorrisinho amarelo, sabes? É que ainda por cima, na altura em que era pequena, andava o exmo. sr. Badaró a fazer um programa na RTP a gozar literalmente com o meu nome, nem imaginas o que sofri com isso, aliás, quase que obriguei os meus pais a mudarem-me de nome e até já tinha escolhido um que adoro. Mas a promessa que eu me chamaria Esmeralda em honra da minha madrinha (que hoje em dia nem me fala mas era tradição lá no norte) falou mais alto e os meus pais nem tiveram coragem para alterar, o que eu ainda hoje acho uma vergonha. De qualquer forma, continuo a detestar chamar-me assim, acho que não combina nada comigo, tenho nome de velha, tanto que normalmente, em qualquer sitio onde vá, chamam sempre com o famoso Dona antes porque devem imaginar uma velhota curvadinha de bengala, só pode! É um trauma e custa caro mudar, porque na altura, já passaram mais de 25 anos, já custava a mõdica quantia de quase 20 contos para alterar toda a nossa documentação. Beijocas nossas ;)
É um risco que certos pais não equacionam. Uma grande amiga minha é polaca e vai ter um bebé na próxima semana. O marido é argelino, o bebé vai nascer noutro país e depois vão viver para outro. Estão ainda em busca de um nome que satisfaça 5 nacionalidades sem grandes tumultos exactamente para evitar reacções parvas de outras crianças e adultos. E vem gente inventar nomes que podem virar alvo central de problemas para as catraias... aiai
Eu até estou de acordo, em casos em que isso é feito espontaneamente sem se reflectir sobre os impactos que o nome poderá criar. Agora em casos específicos como este, dificilmente estas meninas vão será um fardo, porque elas próprias vão ser "formatadas" nessa ideia de que os seus nomes são lindos, únicos, reveladores de personalidades fortes e ganhadoras, e tudo, e tudo, e tudo...
Li a notícia e pensei... "quem é a Luciana?"... pensei mais um pouco e pensei "quem é o Djoló?"... pensei mais um pouco (fiquei com o meu gabinete cheio de fumo) e realmente de notícia só tem o facto de darem um nome destes a uma criança.
beijo Sutra
P.S.: Quando tiver um filho vou-lhe dar o nome de "kfgjtuddlsllal", se for uma filha dou-lhe o nome de "kkcoosisieeks" :P
olá. nem sabes o quanto concordo contigo. Eu sou Nuno Rogério e odeio o Rogério no meu nome...é o nome do meu Pai, Rogério, mas preferia ter sido Nuno Afonso... beijos e bom fim de semana. bom almoço
Bem dito! Só estranho é vir de uma mãe, dado que parece que a maternidade tolda muitas vezes o sentido de bom gosto dos pais, então no que toca à escolha de nomes, e em particular a mania de meterem segundos nomes (coisa execrável!)
Não sei como é em Portugal, contudo, no Brasil se o nome for vexatório, a pessoa depois de adulta pode mudá-lo. O grande problema é acostumar as outras pessoas do convívio com o novo nome. Acho isto muito difícil de ser feito.
mas há sempre a hipótese de se mudar o nome, mas infelizmente tb há as vedetas que queiram estar na ribalta e por isso dao nomes sui generis às suas crias kis :=)
Este post fez-me recordar uma crónica do jornalista Duda Guennes na sua coluna "Meu Brasil Brasileiro" que deu origem a um livro. Nessa crónica, enumera uma série de nomes inimagináveis, a começar pelo famoso: Um Dois Três de Oliveira Quatro. Todavia, termina com uma lição: «Por que não imitar a sabedoria milenar dos "cora" - tribo mexicana que vive na Serra Madre Ocidental - que só permite registar os descententes após quinze anos de idade, numa solinidade que é iniciada pelo sacerdote com a pergunta: "Como você se quer chamar, meu filho?"»
É uma espécie de karma, e eu que o diga.Odiava o Inês pelos trocadilhos do chinês, o segundo nome por se poder "trocar" com mousse, o apelido então ultrapassa tudo. É como eu digo Inês....só há uma, eu e mais nenhuma...
É mais do que certo de que vão sofrer muito no futuro com isso. Mesmo que um dia as crianças decidam alterar os seus nomes, não sei se isso alterará grande coisa.
Há quase cinquenta anos era normal darem aos filhos mais velhos o nome ora do pai (e mãe), ora do padrinho (e madrinha). Fiquei com o nome do meu padrinho no feminino. Mas sendo mulher era "obrigatório", como mais velha, ter a famigerada "Maria". Não tenho grandes problemas com o meu nome, confesso. Já com o diminutivo que me colocaram mal nasci..ai... O "Nani" era a delícia dos meus copangas de escola. Desde o "Nani tira a caca do nariz", ate ao famigerado "Nani tomaste banho ou cheiras a xixi". Uma delícia, portanto.
Tenho duas filhas e não coloquei o nome de qualquer familiar. Felizmente ambas gostam do nome mas não deixou de ser uma escolha pessoal minha e do meu marido pelo que a responsabilidade é acrescida pois estamos a escolher algo que não é "nosso".
Tenho quase a certeza que o fazem conscientemente mas...POR ELES, não pela criança. Pretendem das nas vistas, ser diferente mas sem pensar no resto. Chamo a isso gente franca e egoista mas que fazer... os pais são eles!
"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses." Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.
Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti? Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.
Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras? fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.
Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem polvo marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de polvo marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.
Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar.”
... quando vou ao supermercado e vejo laranjas espanholas, uvas suíças, pêras turcas, morangos russos, fico a pensar... o que não poupávamos se Portugal tivesse um bocado de terra... :P
beijo Sutra P.S.: O que precisamos neste pais não é de mar, não é de terra, não é fogo, nem de ar... precisamos de gente que lidere com dois dedos de testa! ;)
De facto é um tema que mexe muito com cada um de nós. Quem tem filhos, quem pensa em ter, quem já passou por situações chatas em criança... enfim, obrigada pela partilha, essencialmente. ;)
Concordo inteiramente contigo. Coitadas das crianças que não teem cupa da incapacidade para pensar por parte dos pais, mas depois são as que sofrem com isso. Enfim. :(
ResponderEliminarÉ mesmo, uma coisa é não gostarmos do nome e no entanto ser apenas mais um, outra é ter vergonha do mesmo!
ResponderEliminarO egoísmo e atabismo de muitos adultos revolta-me quando estão em causa os interesses das crianças e estes são relegados para segundo plano.
ResponderEliminarAs crianças em certas idades são extremamente cruéis umas com as outras... e o nome pode ser de facto um factor estigmatizante.
Aqui há anos em conversa com uma amiga minha que tinha emigrado para os Estados unidos eu dizia-lhe: "Ó Lucinda... foste dar um nome americano ao teu filho... isso é negar-lhe as suas origens!"... mas ela respondeu-me: "Não podia dar um nome português ao meu filho senão depois ele era maltratado na escola.".
Depois desta resposta calei-me... e se calhar a partir daí deixei de fazer juizos de valor sobre as decisões dos outros.
Beijinhos tolerantes :)
n ha mts pais a pensarem nisso...sao pessoas q so olham para o umbigo delas. é como aqueles pais que empurram os seus sonhos e frustações para os pequenos..enfim.
ResponderEliminarMaria
Se concordo...
ResponderEliminarUi, como entendo este post e todo o seu conteudo, apesar de ter um nome considerado lindo por muita gente, quando lhes pergunto se gostavam de tê-lo, ficam com aquele sorrisinho amarelo, sabes? É que ainda por cima, na altura em que era pequena, andava o exmo. sr. Badaró a fazer um programa na RTP a gozar literalmente com o meu nome, nem imaginas o que sofri com isso, aliás, quase que obriguei os meus pais a mudarem-me de nome e até já tinha escolhido um que adoro. Mas a promessa que eu me chamaria Esmeralda em honra da minha madrinha (que hoje em dia nem me fala mas era tradição lá no norte) falou mais alto e os meus pais nem tiveram coragem para alterar, o que eu ainda hoje acho uma vergonha. De qualquer forma, continuo a detestar chamar-me assim, acho que não combina nada comigo, tenho nome de velha, tanto que normalmente, em qualquer sitio onde vá, chamam sempre com o famoso Dona antes porque devem imaginar uma velhota curvadinha de bengala, só pode!
ResponderEliminarÉ um trauma e custa caro mudar, porque na altura, já passaram mais de 25 anos, já custava a mõdica quantia de quase 20 contos para alterar toda a nossa documentação.
Beijocas nossas ;)
Lyonce vient ici...
ResponderEliminarBeijinhos,
Madalena
P.S. Para a Esmeralda, se ela me ler: o teu nome é bonito, clássico, feminino e com uma boa sonoridade!
É um risco que certos pais não equacionam.
ResponderEliminarUma grande amiga minha é polaca e vai ter um bebé na próxima semana. O marido é argelino, o bebé vai nascer noutro país e depois vão viver para outro. Estão ainda em busca de um nome que satisfaça 5 nacionalidades sem grandes tumultos exactamente para evitar reacções parvas de outras crianças e adultos. E vem gente inventar nomes que podem virar alvo central de problemas para as catraias... aiai
Perder tempo a falar desse casal é dar-lhes a fama que eles procuram sem olhar a meios.
ResponderEliminarBeijinho*
Eu até estou de acordo, em casos em que isso é feito espontaneamente sem se reflectir sobre os impactos que o nome poderá criar. Agora em casos específicos como este, dificilmente estas meninas vão será um fardo, porque elas próprias vão ser "formatadas" nessa ideia de que os seus nomes são lindos, únicos, reveladores de personalidades fortes e ganhadoras, e tudo, e tudo, e tudo...
ResponderEliminarLi a notícia e pensei... "quem é a Luciana?"... pensei mais um pouco e pensei "quem é o Djoló?"... pensei mais um pouco (fiquei com o meu gabinete cheio de fumo) e realmente de notícia só tem o facto de darem um nome destes a uma criança.
ResponderEliminarbeijo
Sutra
P.S.: Quando tiver um filho vou-lhe dar o nome de "kfgjtuddlsllal", se for uma filha dou-lhe o nome de "kkcoosisieeks" :P
Em vez de se armarem em engraçados com nomes idiotas, deviam pensar nisso.
ResponderEliminarolá. nem sabes o quanto concordo contigo. Eu sou Nuno Rogério e odeio o Rogério no meu nome...é o nome do meu Pai, Rogério, mas preferia ter sido Nuno Afonso... beijos e bom fim de semana. bom almoço
ResponderEliminareu acho que para aqueles dois não solução possível....
ResponderEliminaras miudas ou vão sair aos pais ou talvez ainda se safem!!!
:) ninguém vai ter um nome igual....
Não posso deixar de concordar. O gozo que os miúdos vão sofrer, não compensam nada um nome diferente.
ResponderEliminarBom fim-de-semana.
Beijinho*
Bem dito! Só estranho é vir de uma mãe, dado que parece que a maternidade tolda muitas vezes o sentido de bom gosto dos pais, então no que toca à escolha de nomes, e em particular a mania de meterem segundos nomes (coisa execrável!)
ResponderEliminarPobres criancinhas...
ResponderEliminarE estas duas em particular vão ser gozadas na escola, porque as crianças são terríveis umas com as outras...tadinhas!
ResponderEliminarNão sei como é em Portugal, contudo, no Brasil se o nome for vexatório, a pessoa depois de adulta pode mudá-lo.
ResponderEliminarO grande problema é acostumar as outras pessoas do convívio com o novo nome. Acho isto muito difícil de ser feito.
E por baixo dessa tua roupa prática, não terás tu uma boa pinta?
ResponderEliminar(no meu blogue tb para ti)
Beijo
mas há sempre a hipótese de se mudar o nome, mas infelizmente tb há as vedetas que queiram estar na ribalta e por isso dao nomes sui generis às suas crias
ResponderEliminarkis :=)
Mas que bela pergunta!! Por acaso era uma bela ideia...
ResponderEliminarBom fim de semana*
Este post fez-me recordar uma crónica do jornalista Duda Guennes na sua coluna "Meu Brasil Brasileiro" que deu origem a um livro.
ResponderEliminarNessa crónica, enumera uma série de nomes inimagináveis, a começar pelo famoso: Um Dois Três de Oliveira Quatro.
Todavia, termina com uma lição:
«Por que não imitar a sabedoria milenar dos "cora" - tribo mexicana que vive na Serra Madre Ocidental - que só permite registar os descententes após quinze anos de idade, numa solinidade que é iniciada pelo sacerdote com a pergunta: "Como você se quer chamar, meu filho?"»
É uma espécie de karma, e eu que o diga.Odiava o Inês pelos trocadilhos do chinês, o segundo nome por se poder "trocar" com mousse, o apelido então ultrapassa tudo. É como eu digo Inês....só há uma, eu e mais nenhuma...
ResponderEliminarPensam no seu protagonismo, não pensa na criança.
ResponderEliminarGente sem bom senso.
:)
É mais do que certo de que vão sofrer muito no futuro com isso. Mesmo que um dia as crianças decidam alterar os seus nomes, não sei se isso alterará grande coisa.
ResponderEliminarBig Kisses
Há quase cinquenta anos era normal darem aos filhos mais velhos o nome ora do pai (e mãe), ora do padrinho (e madrinha). Fiquei com o nome do meu padrinho no feminino. Mas sendo mulher era "obrigatório", como mais velha, ter a famigerada "Maria". Não tenho grandes problemas com o meu nome, confesso. Já com o diminutivo que me colocaram mal nasci..ai... O "Nani" era a delícia dos meus copangas de escola. Desde o "Nani tira a caca do nariz", ate ao famigerado "Nani tomaste banho ou cheiras a xixi". Uma delícia, portanto.
ResponderEliminarTenho duas filhas e não coloquei o nome de qualquer familiar. Felizmente ambas gostam do nome mas não deixou de ser uma escolha pessoal minha e do meu marido pelo que a responsabilidade é acrescida pois estamos a escolher algo que não é "nosso".
Beijo
Nota - Desculpa o "testamento"
Acho que são um pouquinho inconscientes..
ResponderEliminarTenho quase a certeza que o fazem conscientemente mas...POR ELES, não pela criança. Pretendem das nas vistas, ser diferente mas sem pensar no resto.
ResponderEliminarChamo a isso gente franca e egoista mas que fazer... os pais são eles!
Há coisas que não se fazem a um filho...
ResponderEliminar"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses."
ResponderEliminarPorque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.
Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti? Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.
Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras? fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.
Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem polvo marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de polvo marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.
Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar.”
Continuando no espírito do comentário anterior...
ResponderEliminar... quando vou ao supermercado e vejo laranjas espanholas, uvas suíças, pêras turcas, morangos russos, fico a pensar... o que não poupávamos se Portugal tivesse um bocado de terra... :P
beijo
Sutra
P.S.: O que precisamos neste pais não é de mar, não é de terra, não é fogo, nem de ar... precisamos de gente que lidere com dois dedos de testa! ;)
Obrigada pelas vossas perspectivas.
ResponderEliminarDe facto é um tema que mexe muito com cada um de nós. Quem tem filhos, quem pensa em ter, quem já passou por situações chatas em criança... enfim, obrigada pela partilha, essencialmente. ;)
Kiss
Eu acho que esses dois são patéticos e isso vê-se nos nomes que deram às crianças...
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