sexta-feira, 24 de abril de 2009

Soad Queimada Viva

Li O livro "Soad Queimada Viva", e como achei a história bastante pertinente, quero partilhar convosco a minha interpretação.

O sofrimento de uma mulher numa sociedade retrógrada onde as mulheres não têm quaisquer direitos. Desenvolvimento: O retrato de uma vida de luta contra os maus tratos infligidos pela própria família dentro de uma sociedade que defende valores completamente inaceitáveis deixou-me completamente impressionada por saber que, nos tempos que correm, ainda existem sociedades onde as atrocidades que Souad sofreu são prática comum. Espancamentos sucessivos por parte do pai, por razões absurdas, como por exemplo, ter entornado açúcar para o chão, falar com homens, são alguns exemplos da opressão vivida por Souad. A sua vida era passada a trabalhar no campo, a tratar dos animais, que para seu pai eram mais importantes que as próprias filhas, sem poder frequentar a escola, sem poder fazer compras, sair com amigos, ou seja, vivia na escravidão que lhe era imposta dentro do próprio lar. Como se tudo isto não bastasse, Souad apaixona-se pelo seu vizinho que, aproveitando-se da sua ingenuidade, só a quer para "brincar" um pouco. Nada disto seria inultrapassável para Souad não fosse a surpreendente descoberta da sua gravidez. A felicidade que este acontecimento normalmente traz, foi substituída pelo terror, pois ter um filho sem estar casada era a maior ofensa à honra da família. O pânico apoderou-se de si a partir daquele momento pois sabia o que poderia acontecer se fosse descoberta. Os seus maiores medos foram confirmados quando os seus familiares souberam da verdade e decidiram fazer justiça pelas próprias mãos. Foram capazes de a regar com gasolina e queimá-la viva para "devolverem a honra à família". A partir daí tudo se precipitou para o abismo: lutou pela sua vida com graves queimaduras, perdeu o bebé devido aos ferimentos e foi deixada para morrer numa cama de hospital. Sabendo que ainda estava viva, a sua própria mãe tentou envenená-la no hospital para acabar o que tinha começado. Quando tudo parecia perdido, eis que aparece Jaqueline uma funcionária de uma organização humanitária que, sabendo o terror passado por Souad, consegue persuadir os médicos a deixarem-na levar para fora do país. A partir daqui, uma outra batalha começa para Souad: a longa e penosa recuperação física e psicológica. Com a ajuda de Jaqueline, consegue recuperar das suas mazelas físicas mas acima de tudo, conhece um país cuja sociedade cultiva os valores próprios de uma sociedade moderna, por isso, o choque cultural é imenso e a sua habituação é longa e penosa. Depois desta fase de completa mudança eis que surge a sua maior recompensa: poder amar livremente um homem que viu o seu ser (?) o seu interior (?) muito além das marcas físicas. Apaixonados, casaram e tiveram duas filhas. As cicatrizes físicas e psicológicas que carrega consigo lembram-lhe tudo o que passou, mas a vontade de viver é mais forte que a barreira social que lhe foi imposta, e por isso, hoje em dia vive como qualquer ser humano deve viver: LIVRE!

1 comentário:

"Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo".♥ - Fernando Pessoa

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