Uma pessoa dá a mão e logo logo querem o braço todo.
Há uns meses atrás a vizinha do sexto andar veio ter comigo para saber se podia, durante uns dias (note-se, uns dias), deixar a moto 4 no meu lugar de estacionamento, uma vez que é o maior de todos. Como seria por uns dias, disse que sim. Passou-se uma semana, um mês, dois, e por aí em diante... Um belo dia, quando estaciono o carro, noto que a moto já lá não estava. Dias depois, optei por voltar a pôr as coisas que tinham sido retiradas pelo pedido feito. Tudo certo. Passou-se umas duas semanas, sensivelmente. Ah! E a fulana nunca mais disse nada. Nem um "obrigada, vizinha" (sim, nos cruzamos por algumas vezes no elevador), nem dizer porque a moto tinha sido retirada, nada. E eu, mediante tal postura resolvi ignorar. Portanto, ela nada disse e eu nada perguntei sobre a mota não estar mais lá. Até porque pensei que os dias que se tinham tornado meses tinham terminado efectivamente. Ontem, qual não é o meu espanto quando estou a estacionar e dou de caras com a moto. Saiu do carro e vejo a moto no meu estacionamento. Para piorar, a moto estava a esparramar as minhas coisas que tinha posto lá. Ou seja: a fulana além da lata de pôr a moto no estacionamento alheio sem dar cavaco, ainda tem a ousadia de deixar os pertences alheios "asfixiados" contra a parede. Bem, assim que vejo aquilo os calores começaram logo a subir. E só pensava que quando fosse falar com ela o caldo estaria entornado. Isto porque a fulana (segundo zuns-zuns de vizinhos) é uma grossa, sem educação alguma. Eu, como não papo disso, enfim, ia ser bonito. Subi com a Zunfinha para casa e enquanto estava a pensar no assunto, não é que me chega a salvação. Sim, o meu anjo da guarda foi lá a cima falar com a vizinha. Minutos depois, lá veio a arfar. Só me dizia: "ainda bem que não foste lá, como te conheço, ia ser bonito ia..." - explicou-me o "diálogo" que teve: "assim que toco à campainha e ela vem à porta e digo-lhe que agradecia que numa próxima vez que ela quisesse pôr a moto no estacionamento que, avisasse pelo menos. Ela, nem me deixou acabar. Responde logo que a moto tinha ido para a oficina." Ora que o anjo não lhe deixou sem resposta: "vizinha, independentemente disso, tem que avisar. Até porque foi desagradável chegar ao estacionamento e ver as coisas esparramadas, além de não haver uma palavra da sua parte". A fulana nem quis mais ouvir. Começou primeiro por dizer que era sempre a mesma coisa, que primeiro era sim, mas que depois era não. Depois que aquele lugar onde ela tinha a moto era um lugar morto e que portanto podia pôr a moto lá porque o espaço era do prédio (espaço que pertence, efectivamente ao meu estacionamento. Louca, portanto.). Depois, como não tinha argumentos, disse que se quiséssemos, tiraria dali a moto e, fecha a porta na cara. Uma educação, exemplar. Nem menciono os gritos que largou. Conclusão da história: primeiro, não assumiu que tinha errado. Segundo, retirou a moto e pôs no espaço que lhe pertencia, mas em contrapartida, agora, põe o carro metade dentro do estacionamento, metade fora. Quem entra, tem que se amanhar (não me transtorna porque senão, tinha que voltar a levar comigo). Não contente, quando me vê, vira-me a cara. Oh oh, é por onde durmo melhor.