Andar descalça - puta da mania esta - pela casa, não ver o raio de uma caixa no chão enquanto se passeia de um lado para o outro, e muito de repente, dá-se uma sapatada, um encontrão, uma traulitada, dá-se uma valente pancada na dita caixa e vê-se não-sei-quantas estrelinhas e outras coisas que tais. Oh, de repente sente-se um calor fora do normal, sente-se uma fúria também fora do normal, sente-se uma vontade imensa de praguejar não-sei-quantos palavrões, mas detêm-se a tempo porque havia ouvidos próximos sensíveis a tais praguejares. E engole-se em seco. E contêm-se o turbilhão que se apodera. E saltita-se que nem uma louca descontrolada. E sente-se o pulsar da dor. E olha-se para a maldita caixa impávida e serena - oh, afinal é somente uma caixa. Que cabeça! - e a vontade é fazê-la voar pela janela. No entanto, ainda por breves segundos, uns míseros segundos, invade o sentido de cidadania por esse ser a dentro. Há alturas que não se aguenta. Há alturas...
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Como se consegue ver estrelinhas e outras coisas que tais?
Andar descalça - puta da mania esta - pela casa, não ver o raio de uma caixa no chão enquanto se passeia de um lado para o outro, e muito de repente, dá-se uma sapatada, um encontrão, uma traulitada, dá-se uma valente pancada na dita caixa e vê-se não-sei-quantas estrelinhas e outras coisas que tais. Oh, de repente sente-se um calor fora do normal, sente-se uma fúria também fora do normal, sente-se uma vontade imensa de praguejar não-sei-quantos palavrões, mas detêm-se a tempo porque havia ouvidos próximos sensíveis a tais praguejares. E engole-se em seco. E contêm-se o turbilhão que se apodera. E saltita-se que nem uma louca descontrolada. E sente-se o pulsar da dor. E olha-se para a maldita caixa impávida e serena - oh, afinal é somente uma caixa. Que cabeça! - e a vontade é fazê-la voar pela janela. No entanto, ainda por breves segundos, uns míseros segundos, invade o sentido de cidadania por esse ser a dentro. Há alturas que não se aguenta. Há alturas...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
É isso e é entalar os dedos... :s
ResponderEliminarTens de pensar no lado positivo...
ResponderEliminar...vês mais estrelas que as que há na via lactea...
LOL
:)
E foi assim que eu parti um dedo do pé direito. A mania de andar descalça e alguém ter posto - ainda que temporariamente - uma floreira em pedra no corredor... Também vi estrelas, até as que ainda não foram descobertas!
ResponderEliminarTu és engraçada e perspicaz...acho que entendi estas entrelinhas. No calor do momento, despeja-se impropérios até a um ser chamado "caixa"...
ResponderEliminaré por este tipo de texto que gosto de te ler...
Beijocas nossas ;)
Alturas há em que um simples objecto ganha todos os nosso ódios mesmo que não tenha culpa e a culpa seja nossa!
ResponderEliminarSó com este tem post eu até as dores senti :D
ResponderEliminarA minha pequena também tem essa mania...
ResponderEliminareu ando com o chinelinho....
mas sei bem o que isso é!
ui que dor!
E tu ainda consegues engolir, eu sai-me logo um "ai" seguido de "merda"!!!!
ResponderEliminarEu não ando descalça, mas a minha cama tem um rebordo em madeira que não há semana em que não bata lá com as canelas e dói que se farta.
Dass... que até encolhi o pé quando li isso. São umas dores tremendas. Conheço-a bem, pois também tenho a mania de andar descalça.
ResponderEliminarE o malho que eu dei ontem, ao entrar na sala? Até vi planetas. ahahah
ResponderEliminarHum... e ao bater com o mindinho numa esquina?
ResponderEliminarÉ ver meteoritos em acção...
é por textos destes que gosto de te ler :)
ResponderEliminarPois. Também gosto de andar descalça em casa e de vez em quando acontece-me o mesmo, mas nos móveis, e se doí, doí e não é pouco.
ResponderEliminarAbracinhos ;)
ResponderEliminar