Pois é, a imagem que faz destaque ao post de hoje é o braço engessado da Zunfinha. Não podia começar os post´s diários, não podia deixa passar em branco tal acontecimento. Até porque o momento não foi nada passado em branco. No dia 4 de Novembro, após ir buscar a Zunfinha à escola para mais uma ida ao atletismo, eis que lhe dá uma súbita saudade dos avós maternos. "Mamã, antes de irmos, podemos passar nos avós para lhes dar um beijinho?" - Fiquei renitente, não pelo pedido em si mas porque o facto de fazermos o desvio iria depois por-nos à justa no horário a que ela tinha que cumprir. Mas mesmo assim, lá fomos. Beijinho aqui, beijinho ali, conversa aqui, conversa ali, e, festinha na gata aqui e corre corre da cadela ali, o inevitável, acontece: ao correr da cadela, porque se assustou com algo que ela fez, pois que a dita é bebé ainda e muito brincalhona e nem sempre a Zunfinha consegue perceber isso porque se assusta e tem mais medo que vergonha, mesmo assim, mesmo com medo, não desistiu de brincar com ela. Mais valia ter desistido. Pois que se assustou e caiu. Ao cair, caiu com o corpo sobre o braço. Os queixumes começaram logo e não perdi tempo, fui logo ao hospital mais próximo. Eu que pensava que era uma coisa sem importância, tanto que assim que entramos na sala do médico após fazer o raio-x e ele vira-se para ela e pergunta-lhe o que tinha feito para ter partido o braço. Eu, espontaneamente, pergunto ao médico se estava a brincar. Ao que ele muito admirado responde se estava ali para brincar. Os nervos deram-me para começar a rir. Ele banalizou a situação acrescentando que antes estar a rir do que começar a chorar e a "arrancar" os cabelos. O que o homem foi dizer, foi uma risota geral. Risos dados, vem a parte séria. Zunfinha partiu o ante-braço. Gesso com ela (como se pode constatar), Como me enfiei (quase) no primeiro hospital que vi e não foi da minha área de residência, no dia a seguir tive que ir para o que me competia, digamos assim. Mas a Zunfinha já ia com o trabalho, o mais importante, feito, o gesso posto. Agora só faltava saber quanto tempo iria ficar com o mesmo. O médico na altura não quis avançar mais com a consulta porque ela não ia continuar a ser seguida com ele assim sendo, no dia seguinte, lá estávamos nós para saber como seria a próxima etapa, mas longe de imaginar o que aí vinha... ingénua é o que sou. Mas eu ando lá muito tempo sem uma situação caricata? Eu e as ditas andamos de mãos (quase) dadas. Tontarias à parte, mal entramos na sala, tínhamos não um, não dois, não três mas quatro, quatro médicos à nossa espera. Por momentos confesso, assustei-me e até sussurrei para o pai da Zunfinha "será que o caso é mais grave do que o médico ontem passou?!" - Assim que chegamos perto dos senhores doutores, o mais velho, mais velho mesmo, de idade, solta esta frase (é que nem bom dia, nada):"fracamente!, não sei porquê que os pais ainda insistem em vir ao hospital para tirar o gesso )!). Não podem fazê-lo em casa?" - Fiquei, ficamos, abismados. Ficamos a olhar para aquele ser de bata branca não sei quanto tempo. Mas mesmo com os nossos olhares abismados o ser de bata branca lá continuou com a sua brilhante divagação: "eu bem sei, bem sei que quando vão aos centros de saúde, os enfermeiros não sabem o que fazer e manda-os para cá (hospital), mas isto tem que acabar!" - Os outros, os outros médicos, também se viu que ficaram incomodados com o que aquele ser cuspia da boca. Mas o que tocou deste lado, foi de tal forma que, obviamente (claro está), não me contive. Não me contive e a pergunta que não se calava na minha boca saltou para fora num abrir e pescar de olhos: se não for pedir muito, gostava que me dissesse como é que eu em casa, sem noções nenhuma do assunto, vou tirar o gesso à minha filha? De facto gostaria, gostaria mesmo de saber como. É que se os senhores que estão aptos, que estão ao serviço dos utentes para esta e outras situações mesmo assim ficam ressabiados por fazê-lo, e andam aqui no jogo de leva e trás, não sei onde isto vai parar. Não sei mesmo. Ao pondo de dizerem às pessoas que façam o vosso trabalho em suas casas. Francamente! Quando penso que já ouvi e ouvi de tudo... " - O médico que estava a atender, apesar de estarem mais três, foi só um que se chegou à frente para fazer a consulta da Zunfinha (apesar daquele ser ter cuspido aquelas frases patéticas para o ar e ainda hoje pergunto-me o que estavam aqueles todos ali, a fazer?), pediu desculpas pelo sucedido e avançou com o que de facto interessava, ao que nos tinha levado ali, a fractura da Zunfinha. Explicou tudo e disse quanto tempo ela iria ficar com o gesso, sensivelmente. Três semanas já cá moram. Para a semana lá vamos nós saber como é. O que isto tudo alterou o nosso dia-a-dia? Tudo! Pois foi o braço direito o que a impossibilita que muitas coisas. Vestir, calçar, etc, etc nas questões de higiene e tudo que esteja no mesmo rol. Na escola só assiste às aulas para não perder matéria. Recreio, nem pensar. Mas a caga-tacos não faz corpo mole. Lá quer fazer as coisas, eu é que estou sempre a lhe dar na cabeça. É que as recomendações do médico são para não fazer esforço algum com o braço. Mas quem diz que a menina ouviu essa parte? Nada. Zero. Posto isto tudo, ando mais cansada do que o normal, mas pronto, tudo se compõe, sei que sim.